Um dia expliquei a ele o significado do seu nome. Márcio. Ele ouviu impressionado que se tratava de uma alusão ao deus Marte, deus da guerra, daí o termo artes “marciais”. Márcio significa algo como “guerreiro”.
Acho que nunca um nome se aplicou tão bem ao seu portador. Márcio Roberto dos Santos, meu amigo-irmão, era por natureza um guerreiro. Nascido na turbulência de 1968, partiu nesta manhã de 2009.
Lembro que nos conhecemos nos tempos do Colégio Estadual, lá por 1984, onde eu estudava, e onde ele ia com seus amigos punks se divertir, em bebedeiras homéricas sentados no muro da CEU, em frente ao estabelecimento. Ali formavam também Rubens K, Marcos Rebello (o Careca), Celso Amorim, Cleon Jacques, Daio Baroni, o Zé Marcos, o Marcelo Serafa, Luciano Madá, Sidnei Giovanni, Jean Mar e muitos outros amigos e irmãos que a vida me deu.
Dali nasceu uma amizade que perduraria até hoje e que envolveria gerações de artistas locais e até mesmo nossas famílias. Minha mãe gosta muito dele, assim como a mãe dele de mim. Fomos unha e carne pela vida boêmia da cidade até meados dos anos de 1990.
Foi com ele que conhecemos a Adri, que viria a ser mãe da minha sobrinha Yasmin, hoje com 15 anos, filha do meu irmão Marco. A “culpa” então pela magnífica existência da minha querida sobrinha foi nossa né, Marcião?
Diversas viagens, festas, trabalhos, sons e muita diversão juntos. Divergências estéticas que sempre tivemos nos impediram que seguíssemos um mesmo trabalho musical juntos. Mas temos algumas parcerias e sempre que podíamos batíamos uma viola e mostrávamos os trabalhos um ao outro. Foram natais, anos novos, carnavais, páscoas e feriados profundos.
Ele foi um dos caras mais importantes para a música da cidade. Lembro bem de quando o Márcio trabalhava num setor público, na fotocopiadora, e resolvemos que íamos usar a máquina de xerox em prol do rock curitibano, fazendo trabalhos gráficos diversos. O nome dele não podia aparecer, óbvio, daí ele o Coelho e eu, em uma noite de bebedeira no Sheena, inventamos o MR. X (codinome cujas iniciais significam “Márcio Roberto Xerox”). Desde então, o Márcio passou a ser conhecido como Mister X. Não houve banda nos ano 90 que não teve um cartaz ao menos, com aquela assinatura. Era uma guerrilha cultural que ajudou muito toda a cena. Poetas como Fernando Koproski e Nivaldo Lopes, o Palito, tiveram seus primeiros livros impressos pela MR. X Editora. Inclusive eu.
Não sei o que falar, pois o Márcio era realmente meu irmão. Ele montou o Maremotos, onde foi tocar com Marcus Gusso, o Coelho (outro irmão) e outros.
Sempre foi um guerreiro, um verdadeiro batalhador. Seu espírito empreendedor o levou a montar o Chinasky bar. Desde então começou a sua luta contra um câncer que viria a levá-lo esta manhã de dia dos namorados, dia 12 de junho, aos 41 anos.
Dessa vez a vida me aprontou. Sem chance. Fica em paz, amigo, irmão de todas as horas. Estaremos sempre aqui com você e hoje a noite não vai ter fim, no que depender da gente. Descansa, guerreiro. Tua luta enfim teve um fim. Você merece este descanso mais que qualquer um que conheci jamais na minha vida.
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Acho que nunca um nome se aplicou tão bem ao seu portador. Márcio Roberto dos Santos, meu amigo-irmão, era por natureza um guerreiro. Nascido na turbulência de 1968, partiu nesta manhã de 2009.
Lembro que nos conhecemos nos tempos do Colégio Estadual, lá por 1984, onde eu estudava, e onde ele ia com seus amigos punks se divertir, em bebedeiras homéricas sentados no muro da CEU, em frente ao estabelecimento. Ali formavam também Rubens K, Marcos Rebello (o Careca), Celso Amorim, Cleon Jacques, Daio Baroni, o Zé Marcos, o Marcelo Serafa, Luciano Madá, Sidnei Giovanni, Jean Mar e muitos outros amigos e irmãos que a vida me deu.
Dali nasceu uma amizade que perduraria até hoje e que envolveria gerações de artistas locais e até mesmo nossas famílias. Minha mãe gosta muito dele, assim como a mãe dele de mim. Fomos unha e carne pela vida boêmia da cidade até meados dos anos de 1990.
Foi com ele que conhecemos a Adri, que viria a ser mãe da minha sobrinha Yasmin, hoje com 15 anos, filha do meu irmão Marco. A “culpa” então pela magnífica existência da minha querida sobrinha foi nossa né, Marcião?
Diversas viagens, festas, trabalhos, sons e muita diversão juntos. Divergências estéticas que sempre tivemos nos impediram que seguíssemos um mesmo trabalho musical juntos. Mas temos algumas parcerias e sempre que podíamos batíamos uma viola e mostrávamos os trabalhos um ao outro. Foram natais, anos novos, carnavais, páscoas e feriados profundos.
Ele foi um dos caras mais importantes para a música da cidade. Lembro bem de quando o Márcio trabalhava num setor público, na fotocopiadora, e resolvemos que íamos usar a máquina de xerox em prol do rock curitibano, fazendo trabalhos gráficos diversos. O nome dele não podia aparecer, óbvio, daí ele o Coelho e eu, em uma noite de bebedeira no Sheena, inventamos o MR. X (codinome cujas iniciais significam “Márcio Roberto Xerox”). Desde então, o Márcio passou a ser conhecido como Mister X. Não houve banda nos ano 90 que não teve um cartaz ao menos, com aquela assinatura. Era uma guerrilha cultural que ajudou muito toda a cena. Poetas como Fernando Koproski e Nivaldo Lopes, o Palito, tiveram seus primeiros livros impressos pela MR. X Editora. Inclusive eu.
Não sei o que falar, pois o Márcio era realmente meu irmão. Ele montou o Maremotos, onde foi tocar com Marcus Gusso, o Coelho (outro irmão) e outros.
Sempre foi um guerreiro, um verdadeiro batalhador. Seu espírito empreendedor o levou a montar o Chinasky bar. Desde então começou a sua luta contra um câncer que viria a levá-lo esta manhã de dia dos namorados, dia 12 de junho, aos 41 anos.
Dessa vez a vida me aprontou. Sem chance. Fica em paz, amigo, irmão de todas as horas. Estaremos sempre aqui com você e hoje a noite não vai ter fim, no que depender da gente. Descansa, guerreiro. Tua luta enfim teve um fim. Você merece este descanso mais que qualquer um que conheci jamais na minha vida.
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Aqui, uma parceria nossa. Ele escreveu a primeira parte da letra, eu complementei e fiz a música. Acho que a letra diz muito do guerreiro:
...
This is my way
eu trabalho, quase me arrebento
tento de tudo
ainda dizem que não tento
saem por aí,
cantam hinos de protesto
não me conhecem,
dizem que não presto
enquanto isso,
escrevo uma cidade
fria como o gelo
não tenho mais idade
this is my way...
(Flávio Jacobsen - Márcio Roberto, 1990)
Amigo velho de guerra! Vai com Deus, Márcio Roberto!
eu trabalho, quase me arrebento
tento de tudo
ainda dizem que não tento
saem por aí,
cantam hinos de protesto
não me conhecem,
dizem que não presto
enquanto isso,
escrevo uma cidade
fria como o gelo
não tenho mais idade
this is my way...
(Flávio Jacobsen - Márcio Roberto, 1990)
Amigo velho de guerra! Vai com Deus, Márcio Roberto!
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É sempre difícil falar algo nessas horas, fica a dúvida se o silêncio seria melhor. Mas é bonito ler a estória de vcs.
ResponderExcluirEu, que não acompanhei de perto nem fui tão íntima assim do Márcio, só posso dizer que foi muito, muito bom vê-lo no final de 2008.
Aprendi um pouco mais sobre a genialidade desse cara no modo dele ao lidar com a doença. E sim, ele fazia jus ao significado do nome. E como estava, dentro do possível, organizado, bem humorado e, sobretudo, rodeado de amigos!
É muita determinação para a marmanjada (eu, inclusive), enfiar a viola no saco e parar de se lamuriar quando corta a ponta do dedinho do pé.
Bjos para todos vcs.
é amigo véio. como bem disse a tatiana, a gente não sabe muito o que dizer nessas horas, mas é bonito ler a história de vcs. temos que valorizar mais essas histórias, enqto os envolvidos ainda estão vivos. abs
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