sexta-feira, 29 de maio de 2009

Premeditando o breque

Cena de amor punk-brega à luz das clarabóias imortais

Sandro Moser

Nada tão lindo quanto uma mulher que sabe comer. Sem reguladores de apetite, sem hipofagi. Mastiga com gosto, ingere com classe. O sanduíche de mortadela. Os olhinhos brilham, a prosa desliza entre a língua, os dentes e os sonhos. Os beijos? Cometas percorrendo o céu da boca. Fatias do embutido despencam para além das bandas do pão.

Ela pede uma caipirinha, você pede mais um chope escuro. Agora e para sempre, tudo um grande sábado, nestas esquinas da vida margarida - amarga vida pra você gostar de mim.E depois: me dê a mão vamos sair pra ver o sol? “Não, vamos ver o comércio”, ah, o sotaque elicorante. Claro que vamos. Pra onde você quiser, baby.

Deixa só eu pedir outro chope aqui pro Ceará. Qual o peixe mais bobo que existe no fundo do mar? Qual é o povo que vive do pastel do peixe mais bobo que existe no fundo do mar? Daqui a pouco a gente vai. Pro bacalhau, pra Portugal e pra Noruega. Pra que a pressa? Eu faço samba e amor até mais tarde. Uma hora a gente acaba indo mesmo. Pro aglomero da solidão.

Ademais, esta cidade precisa ser amada como uma esposa. Não é mulher pra de cinco às sete. É mulher full-time. E nós, já estamos aqui. Eu, você nós dois aqui neste mercado a luz das clarabóias. Vitrais russos, cenas da lida do café. O sol precisa escapar das nuvens, das paisagens do vidro para só então explodir por sobre o vidro de pimenta baiana. Tem um japonês trás de mim. Capaz de cair uma garoa. Eu peço mais pro ceará, com a benção do meu orixá...

O clima engana. A vida é grana e é sempre lindo andar por aqui. Todo mundo amando com ódio. Mais dois chopes e umas sardinhas fritas. Graças a Deus. Entre você e a Angélica minha consolação Augusta. Eu me lembro muito bem. _ Mas o que você quer lá querida, se aqui nos temos de tudo? Lá fora é frio e perigoso. Os pecadores invadiram o centro na cidade mercenária. Barganham suas virtudes, de rouge, crack, batom barato. Todos os não se agitam. Não quero mais ver esta gente feia.

A espessa espuma do chope escuro e o menino grande que não para de falar. A gente se odeia com todo amor. Amor de crédito e débito. Da força da grana que compra coisas belas no cartão. Vamos comer um torresmo. Talvez alguma coisa aconteça em nossos corações.

Na base do pão, vinho e azeite. Assim fez-se o ocidente. Mas o homem precisa de mais. E saiu a navegar, pois foi preciso. Eu preciso que você fique comigo. Precisamos de pimentas, vitrais, olivas. Cervejas e aguardentes. Peixe e camarão que é bom pro pensamento.

Da japonesa loura. Da nordestina moura. Sardinhas, mandiocas, jasmins, atuns coqueiros, fontes murmurantes. Um suave azulejo e cinza. E o delta do Mekong que encontra o Tietê, num lindo tempurá fritado no dendê. Pois esta terra ainda vai cumprir seu ideal. Ainda vai tornar-se um mercado municipal.

Sandro Moser é escritor e meu brother de arquibancada, entendido das coisas da vida e da malandragem, é do samba e do balacobaco. Este texto foi escrito com a técnica sórdida da subliteratura chamada bem-bolado. Frases alheias pervertidas e distribuídas sob a forma da prosa mais vagabunda. Quer dizer: o certo é nunca explicar porra nenhuma.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Thadeu (o Polaco da Barreirinha) manda avisar

Você não pode ficar de fora dessa festa de polaco. São 10 anos de Beto Batata ( Alto da XV). São 3 dias de festa, com muitas atrações. Uma delas será o lançamento do meu livro KOAN DO COMO ONDE, que assino como o pseudônimo de Saboro Nossuco. Koans são pequenas histórias que levam à iluminação, à reflexão, ao crescimento interior e fortalecimento da espiritualidade. E tudo isso com muito bom humor. Venha e traga todos os seus amigos. Envie este email para eles. Divulgue no seu blog. Sua presença dará o brilho que a festa merece.

Local: Beto Batata, alto da XV
Dias 29, 30 e 31 maio de 2009
Horário: das 19,00 às 23,00 h
Lançamento do livro Koan do Como Onde
120 páginas – R$ 20,00

Grande abraço,

Antonio Thadeu Wojciechowski.

http://www.polacodabarreirinha.wordpress.com/

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Show de bola e juventude

Quem gosta de futebol bem jogado deve estar tendo orgasmos vendo este time do Inter. Ontem, contra o Coxa, mais dois golaços, em jogadas coletivas e individuais.

Nêgo vem falar que no Atlético, por exemplo, só pra deixar as coisas mais “em casa”, falta experiência, um xerifão pra botar a bola no chão e tal.

Balela. O time do Inter do meio campo pra frente só tem neném. O D’Alessandro vá lá, não é nenhum vovô também. E o Santos em 2002? Robinho (17 anos) e companhia detonaram. É o futebol de fraldas. O que falta na Baixada é o time começar a jogar e ponto final.

Entre os pistoleiros que se apresentam por aí, pingando de clube em clube, e garotos oriundos das categorias de base com sangue nos olhos, sou mais a molecada. Piazada na veia. Futebol é coisa pra gente jovem, pô.

O Fransérgio (que nome lazarento) é um craque. Bota ele pra jogar mesmo numa sequência e vê se daqui a um ano ele não vira um baita dum xerifão, com braçadeira de capitão e tudo.

E tem outra: como o piá vai ser experiente se não jogar? É como os anúncios de emprego onde se lê “precisa-se experiência de seis meses”. Quer dizer, se não tiver não entra. E vai entrar como?

Outra ainda: se vier um xerifão, a la Claiton, que venha. Ele realmente faz muita falta. Desde que saiu, o time não foi mais o mesmo. Mas não falem. Façam.

No mais, vão se catar.

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quarta-feira, 27 de maio de 2009

sexta-feira, 22 de maio de 2009

O Carioca manda avisar

Meu brother Luiz Nobre, o Carioca, mestre da iluminação cênica, está todo faceiro em turnê pelo Nordeste, e lá de Maceió enquanto degusta um chope na praia, manda um recado sobre workshops de luz por todo o Brasil, quem tiver interesse, clica aqui.

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Amigos detonando em Sampa


Estreou por estes dias a peça Honey, que tem direção da amiga Fernanda D'Umbra e os amigos Rubens K na banda em cena, e Marcelo Montenegro na técnica, e muita gente talentosa. Um timaço. Quem estiver em São Paulo, dá uma conferida.

Vai com Deus, Zé


Devolve meus LPs
(Zé Rodrix / Livi)

Faz mais de quatro meses
nosso caso acabou
você falou que nunca mais queria me ver
por isso me desculpe, eu venho lhe incomodar
devolve meus lps

Não fique me esnobando só porque eu vim aqui
não pense que é desculpa pra falar com você
eu hoje de você só quero mesmo uma coisa

Devolve meus lps
Tem dois dos Beatles, um do Elvis, o último do Chico
e o album duplo do James Brown
Tem meia dúzia de Elton John, um Milton Nascimento
e o primeiro do Roberto que você também levou

Não diz depois eu mando
eu mesmo quero levar
não crie confusão, não quero me aborrecer
não minta que quebrou que eu vou lá dentro buscar
Devolve meus Lps

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Casa no Campo
(Zé Rodrix / Tavito)

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar do tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais

Eu quero carneiros e cabras pastando
Solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas

Eu quero a esperança de óculos
E um filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão,
A pimenta e o sal

Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau a pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais

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quinta-feira, 21 de maio de 2009

Koproski


Recital e sessão de autógrafos com o autor Fernando Koproski. Participação especial do músico Rogério Sabatella. Quando? 21 de Maio, quinta-feira, a partir das 19:30 horas. Onde? Livrarias Curitiba Megastore do Shopping Estação. Av. Sete de Setembro, 2775, centro, fone 41-3330-5119 / 3330-5000.

Rock de Inverno 7 - Deu na Folha de Londrina

Na coluna "Camarim", de Rodrigo "Digão" Duarte:

Festival 1
Após três anos sem ser realizado, o festival Rock de Inverno confirma sua sétima edição, programada para os dias 24 e 25 de julho, no John Bull Music Hall. A principal atração é o Fellini, banda cult da cena rock paulistana dos anos 80, que encerrou atividades no começo da década seguinte mas realiza shows de reencontro de tempos em tempos, como já aconteceu em 1998, 2000 e 2003 (este último, no Tim Festival).

Festival 2
O Fellini vem a Curitiba com sua formação clássica: Cadão Volpato (vocais), Thomas Pappon (baixo), Jair Marcos (guitarra) e Ricardo Salvagni (bateria). Segue a linha invernal, intimista e de letras inteligentes. Foi uma das primeiras bandas de rock a flertar com a MPB, inserindo algumas batidas de samba às músicas. Isso era percebido, de leve, no álbum de 1986, ''Fellini Só Vive Duas Vezes'', se intensificando no disco de 1987, ''Três Lugares Diferentes'' (vale citar que na mesma época o Beijo AA Força já fazia algo semelhante em Curitiba).

Festival 3
A grade do Rock de Inverno conta com mais 13 bandas. Estão escaladas Ruído/mm, Mordida (estas são as únicas que já tocaram em outras edições), Hotel Avenida, Je Rêve De Toi, Koti e os Penitentes, Heitor e Banda Gentileza, Diedrich e os Marlenes, Pão de Hamburger e Liquespace. Todas essas são de Curitiba. Entre os convidados de outras cidades estão Nevilton (Umuarama), Beto Só (Brasília), Les Tics e 3 Hombres (ambas de São Paulo). Esta última fará um show em homenagem ao falecido Minho K, integrante de sua formação original, e que também já fez parte do Fellini.

Festival 4
O Rock de Inverno terá também uma festa de abertura no dia 23 de julho, no Era Só O Que Faltava, com outros shows (a confirmar). No mesmo dia, às 19 horas, também vai rolar um bate-papo sobre produção de festivais de música independente.


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A Copa do Mundo é nossa

Beto Richa foi chamado ao Rio de Janeiro, mais precisamente ao gabinete de Ricardo Teixeira na CBF, para uma breve conversa de 40 minutos. À mesa sentou-se com dois outros prefeitos, de Porto Alegre e Belo Horizonte. O assunto: a Copa do Mundo no Brasil e suas respectivas cidades sedes.

No mesmo dia do encontro, nota do bem informado e descolado cronista Cacau Menezes, no Diário Catarinense de terça 19 de maio, denominada “O Furo”, dá como certa a exclusão de Florianópolis.

Ao que uma outra nota da CBF no CBF News de quarta dia 20, desmente os motivos alegados pelo cronista, mas não “desconfirma” a informação.

Óbvio, em assunto de interesses tão diversos quanto influentes no bate-rebate das grandes áreas do futebol, da política e do mundo financeiro, ninguém confirma nada assim de mão beijada. Em que pesem as mãos tantas vezes beijadas serem fatores determinantes na tabelinha de benefícios. Assim como nos atos de mandar algo ou alguém para escanteio. E de pisar na bola, claro.

Ouve-se tudo à boca pequena. É o baile do diz-que-me-disse de fontes seguras e encharcadas de informações privilegiadas. Outras, equivocadas.

O sorriso enigmático meio Mona Lisa do prefeito diante das câmeras ao desembarcar no Afonso Pena denuncia o otimismo pela confirmação da Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, dia 31 de maio próximo, em congresso da Fifa nas Bahamas.

Das duas, uma. Diria o otimista: Ricardo Teixeira o chamou pessoalmente para dar os últimos retoques e confirmar de antemão a escolha da cidade.

O pessimista: Teixeira o convocou para pedir imensas desculpas e garantir a ele que pelo menos os centros de treinamento de Paraguai, Polônia, Ucrânia, Alemanha e/ou outros países afinados culturalmente com Curitiba teriam suas sedes aqui. O senhor me desculpe, mas não deu, valeu a intenção e tal.

Acreditem no que quiserem. Não fosse a presença de dois outros prefeitos de cidades dadas como barbada nas apostas de botequim do Oiapoque ao Chuí, eu diria que Curitiba estaria fora. Mas, convenhamos. Ninguém convoca três prefeitos a conversar breves 40 minutos às vésperas de decisão tão importante, se não for para dar boas novas e combinar determinadas “coisas”.

Então, ouso escrever de forma quase mediúnica como fez o simpático Cacau, mas desta feita para dar de antemão a notícia de que a capital paranaense já está inclusa.

O curitibano terá aqui no Baixadão da Água Verde, onde outrora era situada a velha chácara da família Hauer, jogos do mais popular esporte do planeta em seu evento máximo e soberano.

Se não der Curitiba, culpo o sorriso cínico de Beto Richa diante das câmeras. Se confirmar-se a indicação, saio à Boca Maldita e tomo o café mais saboroso de que se tem notícia desde a geada de 1975.

A Copa do Mundo é nossa.

Folha De Londrina
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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Solda

O Estado do Paraná

terça-feira, 19 de maio de 2009

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O túmulo do ateu desconhecido

cardeais fazem coisas feias
e nem ficam vermelhos
com seu hábito
de esconder a sujeira
debaixo da batina
gozando da boa fé
exalam fel
como se fossem olores
falam de maria
mas não conhecem
nem dolores

Chico Cardoso e Édson de Vulcanis

Aberração! (nota do Marião publicada sábado agora)

Amanhã (Domingo), aqui em São Paulo, acontece um negócio chamado "Carnafacul". Como o próprio nome já deixa claro, trata-se de uma festa para estudantes universitários. São simplesmente 10 horas de festa. Os ingressos morrem a partir de R$ 70. São quatro trios elétricos e entre as atrações estão Jammil, o Grupo Asa e o Grupo Revelação.
Repito. É uma festa de universitários. Bons tempos quando a gente ficava alugando os universitários porque eles gostavam de Beto Guedes e do pessoal do Clube da Esquina.
Tempos estranhos esses. Não é de admirar que o Kassab seja eleito e que estejamos a ponto de viver uma fase muito sombria de nossas vidas com nossos direitos cerceados e o escambau.
A juventude universitária que antes assistia filmes do Glauber, via peças no Teatro de Arena e saía as ruas cantando "Alegria, Alegria", hoje paga R$ 70 por um abadá e dança ao som do Grupo Asa.
Foda.

Mário Bortolotto (http://atirenodramaturgo.zip.net/)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Marco



Folha de Londrina

quinta-feira, 14 de maio de 2009

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Fellini, banda cabeça que faz a cabeça. Ou, a verdadeira banda cabeça

Com Thomas Pappon, Londres, Dezembro 2008

Nos anos oitenta do século passado, parecia que tudo estava encaminhado. Não consigo datar mais nada depois da segunda metade dessa década pela qual atravessei minha adolescência toda, e parte da juventude.

Se não tínhamos a internet ainda, os computadores já surgiam como elementos inevitáveis da nossa vida. O Pacman, joguinho célebre dos primórdios do videogame, meio que anunciava o atropelamento avassalador que a tecnologia iria promover no dia a dia.

Samplers, sintetizadores, baterias eletrônicas já davam as caras descaradamente, para o pavor dos puristas. O rock era o que tocava nas rádios brasileiras, e funcionava como um libelo contra tudo que o antecedeu. Tudo era pós. Pós punk, pós moderno, pós rock. Os pós eram bons. Já tinha muita gente se afundando nos pós, e na pós liberdade.

Foi quando, lá pelos meus 20 anos, me deparei com um vinil do Fellini. Eu seria hipócrita de dizer que já não saboreava elementos de vanguarda, como havia sido com Itamar, Arrigo e Paulo Barnabé. Seria burro se não vislumbrasse o multi-culturalismo que Leminski detectava a cada ensaio ou poema, ou tirada de mesa de bar. Ou Augusto de Campos. Ou Arnaldo Antunes, antena de todos os concretos à época.

E não foi diferente quanto a fazer a diferença, ouvir Fellini. Uma banda de dois caras, Cadão Volpato e Thomas Pappon. O primeiro disco, O Adeus de Fellini (1985), ainda com formato tradicional de banda. Depois, Fellini Só Vive Duas Vezes (1986), gravado apenas por Cadão (voz) e Thomas num estúdio caseiro. Ainda Três Lugares Diferentes (87) e Amor Louco (89). Este, obra prima.

Thomas foi viver na Alemanha e depois Londres, onde hoje trabalha como jornalista na BBC Brasil. Cadão também viveu por Londres, esteve em Amsterdam até recentemente e hoje escreve para o Valor Econômico, sobre cultura.

Encontrei o Thomas por lá, na festa de aniversário do Renato Larini, que me hospedava em agradável temporada de férias e trabalho, já que filmamos uns clipes, com direção do Renato, e eu ainda aproveitei pra escrever pra Folha algumas crônicas, umas que já saíram e outras que ainda vão sair. Férias e trabalho se confundem quando a gente faz o que gosta, é isso. O Renato é marido da Néli Pereira, minha amiga que trabalha com o Thomas na BBC. Mundo pequeno e bacana, este nosso.

Foi engraçado. Era um sábado e minha última noite em Londres, e eu tinha acabado de voltar da Abbey Road, onde fui visitar o estúdio de outros caras que, digamos, também fizeram muito a minha cabeça. Na mesma tarde, estive também em uma exposição pra lá de badalada do Andy Warhol, na Hayward Gallery. Tudo muito sensacional em um dia só.

Tomamos todas e conversamos muito sobre futebol (o Thomas é palmeirense), música, o show do Fellini em 1987 no Paiol, Curitiba, música em Curitiba, Móoca, Sampa e cerveja. Cerveja na Inglaterra é assunto a toda hora. Acho que tomei muitas Guiness e o apartamento dos meus amigos já tinha virado uma instalação de loucos. Marcelinho Borges e Ricardinho presentes, mais uma pá de gente. Um porre no melhor sentido da palavra.

Enfim, conversamos também sobre a volta do Fellini para alguns shows no Brasil. Um deles, em Curitiba, promovido pelos amigos Adri e Ivan, no Rock de Inverno 7. Dia 25 de julho. John Bull Music Hall. Combinamos de tomar todas de novo. Não percam. Depois não digam que não avisei.

De manhã, no aeroporto de Heathrow, rumo a Roma, eu ainda estava bêbado.
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segunda-feira, 11 de maio de 2009

Noves Fora

havia quatro horas
quando ouvi três e meia
dei um gole na taça mais cheia
e amarga, do mais puro gim
joguei todos os noves fora

acertei os ponteiros olhando pra mim
perguntando, mesmo, ao que vim

ao ver que venci,
sem sentido fui embora



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domingo, 10 de maio de 2009

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a mãe de manhã
olha para velhas notas fiscais
como quem vislumbra
álbum de família

um suspiro ou dois
aliviada na realidade solene da mobília
sonhar agora pra pagar depois

promissórias a cada conquista
muito mais se vê a prazo
que se pode ter jamais à vista

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sexta-feira, 8 de maio de 2009

Tradução clássica do grupo Oss

It’s Yeats

Se eu me vestisse como os anjos
Do sol e azuis da noite os tons
Das estrelas do céu os arranjos
Eu colocaria o mundo a seus pés
Mas sou pobre e tendo só meus sonhos
Quero colocá-los a seus pés
Pise com cuidado, são meus sonhos

William Butler Yeats

Por Antonio Thadeu Wojciechowski e Marcos Prado

Vai começar o Brasileirão!

isso de ser

exatamente aquilo

que a gente é

ainda vai nos levar além

(Leminski)

Reeditando (2003)

Reflexões acerca do violeta

roxo é cor da terra do norte
diz-se roxo de quem é muito corintiano
porque roxo é cor de quem sofre
roxo é cor de fim de ano

é a cor do corpo na morte
roxo é cor de quem está nervoso
é a cor do sangue visto de longe
diz-se da cor do saco de quem nasce homem

é a cor do cu de qualquer um
roxo é um azul distante
um vermelho para quem o viu mais adiante
roxo é cor do néon que inebria

é a cor que anuncia o dia
a que mais apetece
é a cor da manhã
e de quando anoitece

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Reeditando (de 1992)

Mini

Nus, deitados. Janela, céu e lua. Estrelas. Soalho de madeira liso, colchão. Disco de vinil riscado, Billie. Prato de macarrão no chão, de lado, com restinho. Coca-cola, lata amassada que reluz de luar. Quatro olhos para o nada, envoltos no matiz azul.

– Sabe o que eu faria se você se fosse um dia? – ela diz.
– Como assim? Se eu fosse embora? – ele.
– Não. Se você morresse, Deus me livre.
– Ah, sim. O quê?
– Eu acho que eu ia entrar para aquele convento, ali bem perto da tua casa, sabe?
– Sei... – ele ri. – Nossa... por quê? – traz ela mais juntinho.
– Só pra ver tua mãe passar, todos os dias. De manhã...

O abraço une os corpos em lágrimas. Corações mais Billie virada num toc-toc bem baixinho. De paixão, cegos, amanhece um dia.

Flávio Jacobsen

Careqa!


segunda-feira, 4 de maio de 2009

Favas contadas

Eis que respiramos de novo
O velho ar que já se me anuncia
Vai ficando um mesmo fato pronto
Frio prato feito para um outro dia

Entre um e outro nem te conto
Contamos mais um ponto
Nós até que ficamos bem de mau gosto
E menos em demasia

Vomita tuas favas
E conta
A quantas anda essa tua vida
Aponta
Para outra medida

E toma

Flávio Jacobsen

domingo, 3 de maio de 2009