Clipe novo na área. Direção do Cesar Felipe Pereira. Parabéns, Felipe!
domingo, 18 de dezembro de 2011
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Sintomas
Paulo Leminski
- DOUTOR, ESTOU SENTINDO UMA RIMA TERRÍVEL.
- Onde é que dói?
- Às vezes, é bem aqui no peito. Às vezes, é uma pontada, aqui na cabeça.
- O que é que o senhor faz, quando dói muito?
- Quando eu não agüento mais, eu faço um poema.
- Um o quê?
- Um poema. É um espécie de mancha que dá bem no meio da página. Tem umas apavorantes. Mas também tem manchas lindas.
- E desde quando lhe acontecem esses poemas?
- Desde sempre. Desde quando, antes do ventre da minha mãe, eu fui pensado em alguma galáxia distante, por um planeta boiando na luz de um sol azul-amarelo-vermelho-verde-prata...
- Deixe-me ver sua língua.
- O senhor não leve a mal, mas é uma língua apenas portuguesa. Pouca gente no mundo já viu uma língua como essa.
- É, está feia sua língua. Mas não se incomode, que língua portuguesa ninguém presta atenção.
- Não é só a língua, doutor. Às vezes, tenho visões.
- Visões?
- É, vejo círculos, quadrados, triângulos inscritos em hexágonos, e linhas, linhas, linhas...
- O senhor conhece matemática?
- Só de nome.
- É, é mais grave do que eu pensava.
- Vou morrer?
- Um dia vai. Mas antes vais ser pior. O senhor pode ficar famoso.
- Pra sempre?
- Não, quando é para sempre a gente chama glória. A fama passa.
- Ainda bem.
- Mas incomoda muito. Não tem horas em que o senhor sente que tem um estádio inteiro lhe aplaudindo de pé?
- Onde, doutor?
- Dentro da sua cabeça, é claro. Onde mais?
- Que alívio o senhor me contar isso. Pensei que estava ficando louco.
- Quem sabe? Quem sabe o que é loucura?
- Vá saber.
- Deixa eu completar os exames. Tem sentido muitos sintomas de concretismo gástrico ultimamente?
- Só quando eu vejo uma folha de letraset.
- Perfeito. Tem sentindo algum soneto?
- Só de manhã, quando eu vou dormir de estômago vazio.
- Impulsos marginais?
- Depois que fui editado pela Brasiliense, meus sintomas marginais desapareceram. Deviam ser conseqüência do abuso da solidão e do provincialismo paroquial.
- Nada de pornô, espero.
- Um filho-da-puta aqui. Um caralho ali. Porra. Cabaço. Gozar. Só essas coisinhas corriqueiras, que vovó não deixava dizer, mas estão no Aurélio.
- Entendo. Não admira que o senhor tenha tido tantos poemas recentemente. Mas vou receitar uma dieta que vai lhe deixar tão bom quanto qualquer subgerente de vendas.
- Antes disso, será que o senhor não me deixava cantar alguma coisa?
- Cantar? Mas eu não tenho nada aqui para o senhor cantar.
- Pode deixar que eu trouxe umas canções comigo.
- Cuidado. Cantar demais faz mal.
- Não se preocupe, doutor. Eu só vou cantar um pouquinho.
- Está bem. Pode começar.
- Desafinar um pouquinho, não ligue. É assim mesmo:
"Se houver céu depois da terra
e nessa estrela
a eterna primavera
pudera, tomara, que a vida quisera
que a gente se encontrara.
Proutra vida fica,
nosso amor mais louco,
fica tudo muito mais bonito,
fica a dita que faltou pro pouco,
se houver céu...
Se houver céu,
como nessa vida não há,
a gente se achou bichinha
a gente se encontrará,
a gente se encontrará..."
- Letra e música suas?
- Letra e música.
- I see. Deixa-me ver. O senhor tem algum vício?
- Eu amo uma mulher chamada Alice.
- Há muito tempo?
- A vida toda.
- O senhor é o caso mais grave de poesia que eu já vi até agora. Preciso consultar uns colegas.
- O que é que eu faço, doutor?
- Tome duas estrofes e me telefone amanhã cedo, sem falta.
(in Gozo Fabuloso)
...
- DOUTOR, ESTOU SENTINDO UMA RIMA TERRÍVEL.
- Onde é que dói?
- Às vezes, é bem aqui no peito. Às vezes, é uma pontada, aqui na cabeça.
- O que é que o senhor faz, quando dói muito?
- Quando eu não agüento mais, eu faço um poema.
- Um o quê?
- Um poema. É um espécie de mancha que dá bem no meio da página. Tem umas apavorantes. Mas também tem manchas lindas.
- E desde quando lhe acontecem esses poemas?
- Desde sempre. Desde quando, antes do ventre da minha mãe, eu fui pensado em alguma galáxia distante, por um planeta boiando na luz de um sol azul-amarelo-vermelho-verde-prata...
- Deixe-me ver sua língua.
- O senhor não leve a mal, mas é uma língua apenas portuguesa. Pouca gente no mundo já viu uma língua como essa.
- É, está feia sua língua. Mas não se incomode, que língua portuguesa ninguém presta atenção.
- Não é só a língua, doutor. Às vezes, tenho visões.
- Visões?
- É, vejo círculos, quadrados, triângulos inscritos em hexágonos, e linhas, linhas, linhas...
- O senhor conhece matemática?
- Só de nome.
- É, é mais grave do que eu pensava.
- Vou morrer?
- Um dia vai. Mas antes vais ser pior. O senhor pode ficar famoso.
- Pra sempre?
- Não, quando é para sempre a gente chama glória. A fama passa.
- Ainda bem.
- Mas incomoda muito. Não tem horas em que o senhor sente que tem um estádio inteiro lhe aplaudindo de pé?
- Onde, doutor?
- Dentro da sua cabeça, é claro. Onde mais?
- Que alívio o senhor me contar isso. Pensei que estava ficando louco.
- Quem sabe? Quem sabe o que é loucura?
- Vá saber.
- Deixa eu completar os exames. Tem sentido muitos sintomas de concretismo gástrico ultimamente?
- Só quando eu vejo uma folha de letraset.
- Perfeito. Tem sentindo algum soneto?
- Só de manhã, quando eu vou dormir de estômago vazio.
- Impulsos marginais?
- Depois que fui editado pela Brasiliense, meus sintomas marginais desapareceram. Deviam ser conseqüência do abuso da solidão e do provincialismo paroquial.
- Nada de pornô, espero.
- Um filho-da-puta aqui. Um caralho ali. Porra. Cabaço. Gozar. Só essas coisinhas corriqueiras, que vovó não deixava dizer, mas estão no Aurélio.
- Entendo. Não admira que o senhor tenha tido tantos poemas recentemente. Mas vou receitar uma dieta que vai lhe deixar tão bom quanto qualquer subgerente de vendas.
- Antes disso, será que o senhor não me deixava cantar alguma coisa?
- Cantar? Mas eu não tenho nada aqui para o senhor cantar.
- Pode deixar que eu trouxe umas canções comigo.
- Cuidado. Cantar demais faz mal.
- Não se preocupe, doutor. Eu só vou cantar um pouquinho.
- Está bem. Pode começar.
- Desafinar um pouquinho, não ligue. É assim mesmo:
"Se houver céu depois da terra
e nessa estrela
a eterna primavera
pudera, tomara, que a vida quisera
que a gente se encontrara.
Proutra vida fica,
nosso amor mais louco,
fica tudo muito mais bonito,
fica a dita que faltou pro pouco,
se houver céu...
Se houver céu,
como nessa vida não há,
a gente se achou bichinha
a gente se encontrará,
a gente se encontrará..."
- Letra e música suas?
- Letra e música.
- I see. Deixa-me ver. O senhor tem algum vício?
- Eu amo uma mulher chamada Alice.
- Há muito tempo?
- A vida toda.
- O senhor é o caso mais grave de poesia que eu já vi até agora. Preciso consultar uns colegas.
- O que é que eu faço, doutor?
- Tome duas estrofes e me telefone amanhã cedo, sem falta.
(in Gozo Fabuloso)
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sábado, 1 de outubro de 2011
Resposta para um tal de David, que entrou ali no texto sobre a FCC, dois posts abaixo
Não consigo postar comentários, mas vai aqui a resposta ao David (anônimo a princípio):
1. David: não é livraria, é só biblioteca, realizei já atividades (não remuneradas e com prazer) no local. E tem material sim apodrecenmdo sim, lá no Conservatório.
2. Eu sei, é verdade. Confusão. É que o local onde funciona a FCC também é relativo. Mas beleza. Chuncho brabo dessa moçada da prefeitura e do patrimônio histórico, hein?
3 e 4. Vou repetir, já realizei atividades lá e sei muito bem "como" é essa conversinha. Tudo ali funciona muito na coitadez dos funcionários, que são meus amigos e sempre procurei ajudar.
Quanto ao Portão, aos cinemas, à pedreira, outros espaços que exitiram, alguma respostinha chapa branca de sua parte? Os caras estão entregando tudo e abandonado tudo nos últimos 20 anos. Vai dizer que não?
Agora, eu pergunto: quem é você? Meu nome tá muito bem assinado. Mas já sei que é coxa. Prefiro discutir com meus amigos coxas que assinam o nome. E quem conhece de segunda divisão, sacumé...
Flávio Jacobsen
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1. David: não é livraria, é só biblioteca, realizei já atividades (não remuneradas e com prazer) no local. E tem material sim apodrecenmdo sim, lá no Conservatório.
2. Eu sei, é verdade. Confusão. É que o local onde funciona a FCC também é relativo. Mas beleza. Chuncho brabo dessa moçada da prefeitura e do patrimônio histórico, hein?
3 e 4. Vou repetir, já realizei atividades lá e sei muito bem "como" é essa conversinha. Tudo ali funciona muito na coitadez dos funcionários, que são meus amigos e sempre procurei ajudar.
Quanto ao Portão, aos cinemas, à pedreira, outros espaços que exitiram, alguma respostinha chapa branca de sua parte? Os caras estão entregando tudo e abandonado tudo nos últimos 20 anos. Vai dizer que não?
Agora, eu pergunto: quem é você? Meu nome tá muito bem assinado. Mas já sei que é coxa. Prefiro discutir com meus amigos coxas que assinam o nome. E quem conhece de segunda divisão, sacumé...
Flávio Jacobsen
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011
terça-feira, 6 de setembro de 2011
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Uma casa muito engraçada
Fotos: Sandra Loest
Tá certo. O cidadão curitibano, médio ou não, que gosta de consumir cultura está sem a Pedreira, sem o Perhappiness, sem quatro dos cinco cinemas públicos de outrora, sem o Cultural do Portão, sem um monte de outras praças de arte bacanas. Agora, sem a pequena e simpática livraria que vendia coisas do Paraná.
Eu gostaria muito de saber o que os responsáveis pela política cultural da cidade fazem com nossos impostos. Porque o que eles têm na cabeça certamente é caso pra outro setor municipal, o que cuida do esgoto. Pois, vá lá que um cinema é caro, uma pedreira é cara, um Perhappiness é muito caro. Mas uma lojinha simpática não custa nada além de dois funcionários, um guardinha e meia dúzia de estagiários para ordenar todo o acervo – depois apenas um daria conta. Pior: tudo isso a que me referi (cinemas, pedreira, etc.) existia. Agora, ou não existe mais ou está fechado. Não é algo que precisaríamos inventar, mas que nos foi tirado. Que conversa é essa? Mais um pouco eles vão remover a feirinha do Largo da Ordem, sob pretexto de que atrapalha o trânsito, ou a missa e coisa e tal. Não duvido.
Pouco depois, descubro que ao fim da rodada deste belo domingo, meu time se encaminha a passos largos para a segunda divisão. Ainda bem que a moça é bonita.
Domingo, feirinha em tarde de sol e céu azul, depois de pastel, água de coco, um livro do Anthony Burgess comprado em sebo. Eu e a moça bonita demos de não ter o que fazer. Daí lembrei que umas pessoas andaram me escrevendo pedindo livros meus.
Publiquei uns títulos de poesia há algum tempo. Nada demais. Também não tenho um exemplar que seja. Doei boa quantidade de exemplares de um desses livros pra fundação cultural da cidade. Faz mais de dez anos, certeza. Lembrei de onde eles poderiam estar, e pensei em passar lá conferir, pra eu comunicar a essas pessoas que me escreveram. Era um setor que funcionava todos os dias da semana, um espaço dentro do Largo da Ordem, uma livraria/loja que vendia livros e discos produzidos no Paraná, entre outros badulaques. Uma grande maioria desse material era realizada através da Lei de Incentivo à Cultura, em seus mais diversos formatos. Era a livraria Dario Velloso, mantida pela Fundação Cultural de Curitiba, onde se podia comprar boa parte da arte feita aqui. Um espaço que considerei absolutamente sensacional à época. Em tempo: este livro meu que eu procurava, de 1997, foi lançado por uma editora underground, não foi feito por lei de incentivo alguma. Tudo bem.
Debaixo do sol ardente, fui tomado por lembranças muito boas da velha Fundação Cultural, à qual colaborei assiduamente ao longo de muitos anos, muitas vezes muito bem remunerado, outras a troco do próprio gosto da propriedade que tudo aquilo provocava, algo que propriamente nunca se desfez.
A sede administrativa da FCC agora é lá no Rebouças, numa antiga fábrica, um lugar histórico. Li dia desses que venderam o terreno pra Igreja Universal. Desgraça pouca é bobagem. Não era o caso, naquela hora.
Deixando o devaneio, voltando à real, vá lá que a realidade vale alguma coisa, andamos até onde antes funcionava a livraria, um velho casarão na parte baixa do Largo, e nada. Perguntamos a alguns funcionários em outros setores mantidos pela FCC, mais alguns passantes, nada. Ninguém conhecia a Dario Velloso.
Deixando o devaneio, voltando à real, vá lá que a realidade vale alguma coisa, andamos até onde antes funcionava a livraria, um velho casarão na parte baixa do Largo, e nada. Perguntamos a alguns funcionários em outros setores mantidos pela FCC, mais alguns passantes, nada. Ninguém conhecia a Dario Velloso.
Chegamos na velha sede da FCC, onde também funcionou a livraria em determinada época, na praça Garibaldi, mais acima, a vulga praça do “Cavalo Babão”, em torno de 13h30 de uma tarde de domingo, vejam. Um Largo lotado de turistas e gente de toda sorte e destino. Ali, demos com a imagem grotesca das fotos acima. Perguntamos num posto de informação ao turista, em uma entrada lateral à casa, também mantido pela Prefeitura, sobre “que fim levou a livraria?”. Resposta: “não é mais livraria. É um espaço para leitura, com algumas atividades, etc etc, etc.”. Perguntei: “mas, então se eu quiser agora comprar livros e discos feitos por artistas daqui, aonde eu vou?”. O funcionário disse que não sabia.
Tá certo. O cidadão curitibano, médio ou não, que gosta de consumir cultura está sem a Pedreira, sem o Perhappiness, sem quatro dos cinco cinemas públicos de outrora, sem o Cultural do Portão, sem um monte de outras praças de arte bacanas. Agora, sem a pequena e simpática livraria que vendia coisas do Paraná.
Eu gostaria muito de saber o que os responsáveis pela política cultural da cidade fazem com nossos impostos. Porque o que eles têm na cabeça certamente é caso pra outro setor municipal, o que cuida do esgoto. Pois, vá lá que um cinema é caro, uma pedreira é cara, um Perhappiness é muito caro. Mas uma lojinha simpática não custa nada além de dois funcionários, um guardinha e meia dúzia de estagiários para ordenar todo o acervo – depois apenas um daria conta. Pior: tudo isso a que me referi (cinemas, pedreira, etc.) existia. Agora, ou não existe mais ou está fechado. Não é algo que precisaríamos inventar, mas que nos foi tirado. Que conversa é essa? Mais um pouco eles vão remover a feirinha do Largo da Ordem, sob pretexto de que atrapalha o trânsito, ou a missa e coisa e tal. Não duvido.
Olhando a fachada do antigo prédio, pichada, deu na gente aquilo que o povo chama de “ruim”. A nossa antiga “casa de cultura” estava fechada, às 13h30 de um domingo, e a livraria virou “espaço de leitura”. Sei. Acho que isso doeu mais que o fato de a casa estar depredada por pichação.
Depois, indignados, fomos tomar uma cerveja num bar que dá vista pro local, onde encontramos a Sandra Loest, que bateu estas fotos. Um amigo nosso, músico, que estava por ali, ao ouvir nossa conversa a respeito, contou: “puxa vida, lá no Conservatório (de MPB, também da FCC), tá entupido de discos de artistas feitos pela Lei. Tá tudo entulhando lá. Não tem nem onde colocar...”.
Esqueci meus livros e lembrei de uns discos que cometi também. Em Lei de Incentivo, uma quantia é sempre doada à FCC, por lei. A ideia é que seja este material encaminhado a bibliotecas, deixado a disposição da população. Entulhado, pois bem? Muito bonito.
Enfim. Depois esqueci de novo. Vazio sem tamanho. Àquela altura a casa já soava engraçada. Rir pra não chorar. A pichação sobre as placas de mármore onde está escrito “Secretaria Municipal de Cultura” e “Fundação Cultural de Curitiba” já soava uma maquiagem de palhaço torto, ou de puta velha. Velha. Sem história. Apenas velha. Sem respeito. De tão estúpida, muito engraçada. Feito uma Geni a quem a turba atira pedras.
Dei um gole bem forte nessa cerveja vagabunda que a gente bebe aqui no Brasil. Desceu amarga. As palavras que passaram em minha cabeça não são passíveis de publicação. Mas a lembrança mais aproximada que tenho, foi de uma vontade imensa de agir contra a burrice e a incompetência adotando as táticas pouco ortodoxas de uns personagens de outro livro do Anthony Burgess. Aqueles meninos simpáticos da primeira parte de Laranja Mecânica. Lembram?
Pouco depois, descubro que ao fim da rodada deste belo domingo, meu time se encaminha a passos largos para a segunda divisão. Ainda bem que a moça é bonita.
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011
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quarta-feira, 27 de julho de 2011
terça-feira, 26 de julho de 2011
Amy
O sol explodiu na manhã deste sábado e o mar do sul da Bahia se transformou em várias cores, assim como o céu, as nuvens, as árvores, as flores, os pássaros, os bichos e até o vento. É assim sempre. Magia que atraiu as caravelas para nascer este país onde os índios foram dizimados e hoje vendem bugigangas para turistas ao pé da cruz monumentalmente ridícula em Santa Cruz de Cabrália, local da primeira missa e o início da esbórnia.
A força estranha do local, porém, permanece. Porto Seguro, Arraial d’Ajuda, Trancoso, Bahia de todos os santos. A brisa soprava quando veio junto a notícia. Ela morreu. Amy Winehouse foi encontrada morta em sua casa. Já tinha ouvido notícia assim, naqueles tempos. Janis Joplin e Jimi Hendrix, pois não? 27 anos, pois não? Talentos sublimes ceifados ainda em botão, só para um arremedo poético. Quando Elis Regina se foi, Elio Gaspari pariu o título de uma capa da Veja que dizia tudo e muito mais: “A tragédia da cocaína”. Foi execrado pelos babacas de plantão. Sim, aquela era uma tragédia da cocaína que matou nossa maior cantora.
Que tragédia anunciada essa da menina Amy. Havia até apostas para ver até quando seu coração e corpo resistiriam ao ataque sem dó nem piedade de todas as drogas. Isso tudo explorado pela máquina de moer carne do marketing tenebroso, sombrio, assim como vai ser daqui pra frente a exploração do cadáver, do martírio em vida de uma menina que sofreu a dor invisível, a dor inexplicável, a dor revertida em ataques de fúria movidos às substâncias fornecidas por aproveitadores de plantão, cafetões do talento alheio, manipuladores de sentimentos, enfim, carniceiros de possíveis presas como ela, certamente um ser sem carinho, que não conhecia nem o que, nós, fãs, sabíamos desde a primeira vez que a ouvimos: a grande voz surgida nos últimos anos. Única, universal, sentimental, acariciante, romântica, rasgante, visceral, ual!
Do alto do morro onde a praia de Mucugê é vista em boa parte da extensão, assim como os recifes que formam piscinas naturais e os barquinhos vão e voltam banhados pela luz do sol, ao saber da notícia lembrei que há mais de 20 anos, neste mesmo local passei três dias num porre só, aditivado por grandes cigarros de maconha, fumados à beira-mar em comunidade da paz e amor. Vexames não foram poucos. Senti o explendor do local, mas não vi quase nada e, depois da retomada do controle, alguns anos depois, me prometi voltar, para verificar o que tinha apenas imaginado.
Era muito mais. E a notícia triste me fez comparar ainda mais do que faço entre a vida de tormento anestesiada e transformada em inferno e a que chamamos de normal, de certa forma até pejorativamente,quando deveria ser o oposto.
Amy Winehouse não soube quanta loucura nos traz a caretice, um copo de água San Pelegrino tomada à beira de um piscina e vendo o mar, suco de manga, moqueca de peixe, feijão com arroz e bife acebolado, água de coco e olhar crianças brincando de bola na frente de uma igreja branca com mais de 200 anos de existência.
Alguém deveria prendê-la numa clínica, na tentativa de que um ano ou mais da abstinência e a ajuda de terapeutas fizessem a ficha dela cair, como se diz entre os pacientes internados. Aconteceu mais ou menos isso com Casagrande, o grande comentarista da Globo. Pode acontecer com qualquer um. O jogo, sim, é pessoal, mas a ajuda conta muito, pois vivemos no universo paralelo e é duro voltar ao que entramos quando nascemos.
A dor, a dor, a dor. A dor da existência, do não saber o porquê disso tudo, o medo, o abandono, a falta de carinho, a depressão… Isso tudo, imagino, levou Amy a explorar sua voz com emoção pura, que a fez ter reconhecimento mundial imediato e também o peso da fama que a encarcerou e esmagou.
Ficará para sempre, sim, talvez até sirva de exemplo para aqueles que dizem que ela fez que bem entendeu e a liberdade é para essas coisas. Teóricos de plantão servem para vomitar coisas do gênero. Não sabem o que é o vício, a dependência, a doença. Esqueçamos a cantora. Não seria muito melhor uma Amy anônima, mas viva? E ela, artista do encantamento, também viva e saudável, para nos enternecer até sabe-se lá quando?
Esta menina cometeu suicídio lento com cobertura da imprensa mundial. Que aguardou o dia de hoje, podem ter certeza. Vai vender jornal, revista, dar audiência nas tvs mundias, render discos póstumos – e ela será reverenciada como nunca. A grande voz, contudo, se calou. As drogas fizeram mais uma vítima. Algumas lágrimas caíram por isso, neste sábado de sol no sul da Bahia.
Zé Beto
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terça-feira, 19 de julho de 2011
Lá vamos nós outra vez
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Terça no Wonka!
O Wonka Bar apresenta nesta terça feira, 31 de maio, a primeira Grande Festa Vox Urbe, em um grande encontro de mídias que giram em torno da poesia. O Evento conta com recital dos poetas Ricardo Pozzo, Adriano Smanioto, Rubens K e Cesar Felipe Pereira, acompanhados pela banda paulista Komby 66. Durante a festa, serão exibidos trabalhos de videoarte de Guilherme Giublin e a pista será animada pelo tradicional DJ Ivanovick (Festa Tirana e Clube do Vinil). Os shows musicais terão os clássicos do funk instrumental da Komby 66 (formada por ex-integrantes do Jully et Joe) e o rock poético-ruidoso da banda Gruvox. Nas paredes, Ricardo Pozzo expõe seu trabalho fotográfico. O Vox Urbe é um evento de poesia que o Wonka promove todas as terças feiras, desde 2010 e está completando um ano. A cerva é barata e o bar tem área para fumantes. Apareçam!
Serviço:
Grande Festa Vox Urbe !!!
Poesia + Shows + Foto + Vídeo + Pista
31 de maio– Terça – 21 horas – R$5
Wonka Bar
Trajano Reis, 326
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quarta-feira, 18 de maio de 2011
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Antigas
...
acorde,
é o triste fim
deposite seus pedidos no guichê ao lado
atire seus desejos no cesto de lixo
as utopias,
leve-as pra casa
a opção é sua
se desejar guardamos pra você
espere uma vida inteira
e acorde,
enfim
antes,
por favor,
assine aqui
(1997)
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acorde,
é o triste fim
deposite seus pedidos no guichê ao lado
atire seus desejos no cesto de lixo
as utopias,
leve-as pra casa
a opção é sua
se desejar guardamos pra você
espere uma vida inteira
e acorde,
enfim
antes,
por favor,
assine aqui
(1997)
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segunda-feira, 4 de abril de 2011
Revista Piauí
Quem tiver tempo, pode ler este artigo da Piauí # 52. Eu gostei muito. Clique aqui. ...
segunda-feira, 14 de março de 2011
O THC da canção
Foto: Júlio Garrido
“Canções são aquilo que eu escuto, quase em exclusão de todo o resto… (...).
E quase sempre tudo o que eu tenho a dizer sobre tais canções é que eu as amo,
e quero cantar junto quando as ouço, e forçar outras pessoas a escutá-las,
e ignorar quando outras pessoas não gostam dessas músicas tanto quanto eu”.
(Nick Hornby)
(Nick Hornby)
A vida não tem trilha sonora. A princípio, não mesmo. Convivemos com ruídos produzidos pelo homem ou pela natureza. A partir destes, o homem criou a música. E depois, deu-se a cantar. Desde que me conheço por gente, sou dado a cantar. É certo que quase todo mundo canta. De uns tempos pra cá, dei de perguntar pra mim mesmo: mas por que diabos cantamos? Não custa apenas dizer, via fala? Tem que cantar?
Há uma coisa em comum entre sujeitos tão díspares quanto Bob Dylan, Lou Reed, John Lennon, Chico Buarque, Noel Rosa, Zezé de Camargo e Roberto Carlos: eles produzem canções. São dominados pelo mesmo princípio ativo. Mal comparando, uma espécie de THC, o tetra-hidro-cannabiol da marijuana, ou maconha.
Como na erva supracitada da qual é feito o tal “cigarrinho de artista”, há canções que nos fazem mudar de vida, pegar a estrada. Outras nos encantam, incomodam, positiva ou negativamente. De protesto, de louvação, de amor, as de cotidiano, entre muitas. E há as “palhas” (erva ruim, na gíria maconheira). Mas, o que mesmo as define?
Assistindo ao show de Odair José este fim de semana, ao ar livre, em frente ao Torto Bar, ali no São Francisco, é que me veio à mente tudo isso. Odair domina o código genético da canção.
Analisando os campos harmônicos e melódicos pelos quais traça suas baladas não raro sangrentas, dá pra dizer sem medo de errar que o formato das canções de Odair José é o mais simples existente. No meio do mar de sofisticações e simplicidades para qual o gênero canção tomou seus mais diversos rumos, o que chamamos popular é o mais simples de todos. E entre os populares, o mais simples ainda é o que faz Odair.
Porque ele foi jogado no limbo daquilo que passou a ser chamado de brega, lá pelos idos da década de 1970, é explicável até certo ponto. Muitos já escreveram sobre isso. E, vamos e venhamos, o mercado fonográfico já levou ao limbo muita gente boa, e de ares considerados muito mais sofisticados pela mesma classe que dispensou um Odair José.
Vai aqui um exemplo carregado de erudição e vanguarda: Tom Zé. Mais um José. Mas este quase sumiu mesmo, viraria Zé Ninguém, não fosse o milagre de alguns de seus discos antigos chegarem às mãos de David Byrne, em 1992. Graças a isso, e podemos dizer que somente a isso, hoje o mundo reverencia Tom Zé. Precisou vir um cara do Talking Heads dizer que ele era gênio pra todo mundo perceber.
É certo também, no caso de Odair, que isso não implicou em lá grande coisa para sua carreira. Afinal, ele não foi esquecido, nunca deixou de ter certo reconhecimento. Graças a uma canção de Rita Lee e Paulo Coelho, foi considerado o “terror das empregadas”. Vejam só o preconceito, já que é sabido de muito que o público dele não é predominantemente formado pelas domésticas. Não mesmo.
Apenas ele fez uma música de certo sucesso que falava do assunto, da paixão de um homem por uma serviçal da classe média alta. Assim como fez música para putas e trabalhadores. Quer dizer, no fim das contas o universo que gere as canções “bregas” de Odair José é o mesmo dos cultuados livros de Bukowski.
Enfim, ele sempre teve público. Apenas, e mais uma vez, este tornou à classe média “pensante”. Mas, tenham certeza, não fosse a qualidade de suas canções, não fosse ele um hitmaker de primeira linha, não teria este reconhecimento ora alcançado junto aos universitários novamente. Em verdade, não novamente, mas pela primeira vez e de forma contínua desde os fins dos anos de 1990, quando começou um resgate de sua obra. A princípio, pelo “exótico” e “irônico” (virou algo super engraçadinho fazer papel de brega, em festas universitárias, as festas propositadamente cafonas que até hoje estão aí), mas logo em seguida pelo que tem de qualidade e poder transformador, inegáveis.
Enfim, estou aqui apenas pra dizer que o show foi muito bom. Inesquecível. Ele é realmente um mestre. Vida longa aos fazedores de canções por todo o mundo. Goste dos seus. Encontre-os, pois eles estão por aí. Sempre vai ter um que é o seu número. Emissores deste princípio ativo que nos contamina e inebria, e produz alegria e tristeza. Que às vezes faz dançar, outras dormir. E sempre, mal ou bem, faz pensar. E alivia.
Odair José é o THC da canção.
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sábado, 5 de março de 2011
quarta-feira, 2 de março de 2011
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Atletiba miserável
Alguém pode me explicar por que nenhum técnico no mundo nos últimos 8 anos escala o Kleberson em sua real posição?
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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Entrevista
Amanhã cedinho, entrevista comigo, ao vivo no Jornal da Educativa (97,1 FM). Pela internet: http://www.rtve.pr.gov.br/ (clica em FM). O jornal é das 7h as 9h. O papo vai ao ar às 8h30.
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terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Aeroporto de Moscou em chamas
Esse negócio de atentado é uma coisa horrível. Mesmo. Mesmo. Mas estes países grandes e poderosos passaram a existência toda vilipendiando, escravizando, saqueando, estorquindo, estuprando e aterrorizando os países que covardemente dominaram, sem perdão. Sem nenhum perdão. Sem o mínimo perdão. Será que nunca imaginaram um troco assim, sem perdão também?
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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Super boa
Recomendando, boa literatura.
Ila, cajuína cristalina de Teresina: http://www.brobroo.blogspot.com/
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Ila, cajuína cristalina de Teresina: http://www.brobroo.blogspot.com/
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domingo, 26 de dezembro de 2010
Até 2011!
Mochila arrumada. Nos vemos em algum ponto do litoral brazuka. Abraço e feliz ano novo a todos.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Yeah!
Viva o níver do cara que andava com vagabundos e prostitutas, dormia ao relento, perseguido pela polícia, tinha pés calejados, e transformava água em vinho pra festa não acabar! Feliz Natal! Saúde! Amem, amem, amem! Amém!
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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
The end in Chinatown
A senhora chinesa da pastelaria lá de baixo, do alto de sua milenar sabedoria oriental, resolveu se aposentar. Foi embora pra Nova Iorque, viver entre os seus. Acho que nunca mais vou vê-la. Por que as pessoas vão embora da vida da gente assim? Agora, olhando a loja toda demolida, em reformas, descobri que a amava profundamente. Dor no peito. Desolado.
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sábado, 27 de novembro de 2010
Aeroporto (Fellini)
Na entrada não se podia ver nem mesmo um espirro
Eles foram, eles foram
Uma foto deles algemados no aeroporto
Eles foram, eles foram
Não se viaja sempre solo per lavoro
No círio um garoto nos sapatos de um homem
Eles foram, eles foram
Um outro deles já estava morto
Não se viaja sempre solo per lavoro
Pelo tamanho dos cinzeiros, foi só um pequeno avião
Eles foram, eles foram
Uma foto deles algemados no aeroporto
Não se viaja sempre solo per lavoro
(Amor Louco - 1989)
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Eles foram, eles foram
Uma foto deles algemados no aeroporto
Eles foram, eles foram
Não se viaja sempre solo per lavoro
No círio um garoto nos sapatos de um homem
Eles foram, eles foram
Um outro deles já estava morto
Não se viaja sempre solo per lavoro
Pelo tamanho dos cinzeiros, foi só um pequeno avião
Eles foram, eles foram
Uma foto deles algemados no aeroporto
Não se viaja sempre solo per lavoro
(Amor Louco - 1989)
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sábado, 20 de novembro de 2010
Gruvox na TV Educativa
Amanhã, domingo, dia 21/11 às 19h30 na TV Paraná Educativa, especial com Gruvox, no programa Encantos.
O sinal da TVE é transmistido pelos seguintes meios:
- Canal aberto para todo o Paraná (Em Curitiba, canal 9)
- SKY canal 115
...- Via satélite da Patagônia ao Canadá pela parabólica 1320Mhz polarização horizontal
- Por streaming através da internet no site http://www.rtve.pr.gov.br/
Assistam!
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quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Semana da Consciência Negra
Foto: divulgação
Muitos povos ao longo da história conquistaram vários e imensos territórios, impondo sua cultura e costumes. Levaram séculos para isso, derramando muito sangue, oprimindo e escravizando os demais. O povo negro uma vez liberto, em menos de cem anos saiu da condição de escravo e, sem derramar uma única gota de sangue, impôs sua cultura e seus costumes. Eles não conquistaram imensos territórios. Apenas com MÚSICA, eles conquistaram o MUNDO INTEIRO.
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sábado, 6 de novembro de 2010
Aprendizado
O amor não vem com o desejo,
é uma graça,
um merecimento,
...uma oferta
Uma alvorada há muito esperada
que de repente se abre sobre a casa
Pode que se vá logo em seguida
ou que não mais volte
ou ao voltar
a vida é que tenha partido em despedida
Procurá-lo é vão
como apalpar uma manhã:
Os deuses naturais não cabem
nem nascem em nossas mãos
Adriano Smaniotto
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é uma graça,
um merecimento,
...uma oferta
Uma alvorada há muito esperada
que de repente se abre sobre a casa
Pode que se vá logo em seguida
ou que não mais volte
ou ao voltar
a vida é que tenha partido em despedida
Procurá-lo é vão
como apalpar uma manhã:
Os deuses naturais não cabem
nem nascem em nossas mãos
Adriano Smaniotto
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sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Amanhã tem virada cultural, então vai uma crônica antiga pra instigar a galera a ir pra rua
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O dia em que a rua tomou os palácios
Repórter, bastante nervoso, feito refém, dá as notícias. As rádios, tevês e jornais estão sob o controle do caos:
"Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais urgente! O Oil Man tomou a Prefeitura em uma bicicletada de sábado! Repito: a Prefeitura está com o Oil Man! Aviso aos estudantes: passe livre é toda sexta lá no terreiro do Pai Maneco. Vão de bike que é melhor.
O transporte coletivo caiu nas mãos da Maria Louca (não é quem vocês estão pensando, é aquela dos strip teases em terminais e coletivos da cidade). Nem toda nudez será castigada. Central, ela não está para brincadeiras! Não tentem nenhum truque!
Vêm do Afonso Pena relatos de que o Pretinho-Imitador-de-Boeings infiltrou-se no Aeroporto. Ninguém entra. Ninguém sai. Ele emite sons estranhos da torre. Câmbio!
Rumores rezam que a Mulher de Plástico juntou-se aos catadores de papel e está neste momento em reunião na Vila Capanema decidindo o que fazer com todo lixo da cidade, incluso o meio campo do Paraná Clube. Reciclar é preciso. Câmbio!
Batista de Pillar está com todos os poetas da cidade no Largo da Ordem. Eles são perigosos! Com eles estão ainda os zumbis do Pshyco Carnival que descem do Cemitério Municipal.
Efigênia e Hélio Leites lideram passeata do botão rumo à Pedreira Paulo Leminski, seguidos por todo o bloco Garibaldis e Sacis. É o caos, senhores! Repito: não tentem nenhum truque!
O Polaco da Barreirinha aliou-se à Anã Eslava. Distribuem sonetos e gritam impropérios em língua estranha. Tradução: ‘Casei com um polaco depois do quinto uísque, e até hoje não sei pronunciar meu sobrenome!’ (versão do Maxixe Machine).
Inri Cristo invade a Catedral! Só sai de lá se o Papa vier ao seu encontro. Quem quiser que vá se queixar ao Bispo. As beatas vibram mais que malaco em festa de São Francisco.
A velhinha do Borboleta 13 pousa no Jardim Botânico. Traz consigo o bilhete premiado e o jacaré do Barigui. Ademir Plá fechou os pedágios com canções de protesto. A cidade está cercada! A Ópera de Arame terá seu arame eletrificado. Repito: eletrificado! Todos planejam uma nova Agenda Arte. Repito: uma nova Agenda Arte!
Nero está na linha. Liga em desespero do Rio. Quer participar da festa, botar fogo em tudo. Alô, Nero! Ninguém entra! Libertado. Próximo!
Mazzinha, Ministro das Forças Desarmadas (segundo o Solda) e irmão do Mazzão Vozeirão-Sobrancelha, invade o Museu do Olho com o grupo 10enhistas. Porções de buchinho à milanesa do bar do Edmundo dão sabor ao novíssimo vernissage.
É erguida uma estátua da Gilda defronte o Palácio. Os poetas já beberam demais. Repito: a cidade está cercada! A nova ordem está instalada. Ninguém entra. Ninguém sai. Câmbio final!"
O Vampiro assiste a tudo de sua janela, no Alto da XV. É Atletiba, deve ser. Um sorriso lhe vem. Fecha a cortina, desliga o rádio e volta a um mini-conto genial de tão bestinha.
Folha de Londrina (29/03/2009)
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O dia em que a rua tomou os palácios
Repórter, bastante nervoso, feito refém, dá as notícias. As rádios, tevês e jornais estão sob o controle do caos:
"Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais urgente! O Oil Man tomou a Prefeitura em uma bicicletada de sábado! Repito: a Prefeitura está com o Oil Man! Aviso aos estudantes: passe livre é toda sexta lá no terreiro do Pai Maneco. Vão de bike que é melhor.
O transporte coletivo caiu nas mãos da Maria Louca (não é quem vocês estão pensando, é aquela dos strip teases em terminais e coletivos da cidade). Nem toda nudez será castigada. Central, ela não está para brincadeiras! Não tentem nenhum truque!
Vêm do Afonso Pena relatos de que o Pretinho-Imitador-de-Boeings infiltrou-se no Aeroporto. Ninguém entra. Ninguém sai. Ele emite sons estranhos da torre. Câmbio!
Rumores rezam que a Mulher de Plástico juntou-se aos catadores de papel e está neste momento em reunião na Vila Capanema decidindo o que fazer com todo lixo da cidade, incluso o meio campo do Paraná Clube. Reciclar é preciso. Câmbio!
Batista de Pillar está com todos os poetas da cidade no Largo da Ordem. Eles são perigosos! Com eles estão ainda os zumbis do Pshyco Carnival que descem do Cemitério Municipal.
Efigênia e Hélio Leites lideram passeata do botão rumo à Pedreira Paulo Leminski, seguidos por todo o bloco Garibaldis e Sacis. É o caos, senhores! Repito: não tentem nenhum truque!
O Polaco da Barreirinha aliou-se à Anã Eslava. Distribuem sonetos e gritam impropérios em língua estranha. Tradução: ‘Casei com um polaco depois do quinto uísque, e até hoje não sei pronunciar meu sobrenome!’ (versão do Maxixe Machine).
Inri Cristo invade a Catedral! Só sai de lá se o Papa vier ao seu encontro. Quem quiser que vá se queixar ao Bispo. As beatas vibram mais que malaco em festa de São Francisco.
A velhinha do Borboleta 13 pousa no Jardim Botânico. Traz consigo o bilhete premiado e o jacaré do Barigui. Ademir Plá fechou os pedágios com canções de protesto. A cidade está cercada! A Ópera de Arame terá seu arame eletrificado. Repito: eletrificado! Todos planejam uma nova Agenda Arte. Repito: uma nova Agenda Arte!
Nero está na linha. Liga em desespero do Rio. Quer participar da festa, botar fogo em tudo. Alô, Nero! Ninguém entra! Libertado. Próximo!
Mazzinha, Ministro das Forças Desarmadas (segundo o Solda) e irmão do Mazzão Vozeirão-Sobrancelha, invade o Museu do Olho com o grupo 10enhistas. Porções de buchinho à milanesa do bar do Edmundo dão sabor ao novíssimo vernissage.
É erguida uma estátua da Gilda defronte o Palácio. Os poetas já beberam demais. Repito: a cidade está cercada! A nova ordem está instalada. Ninguém entra. Ninguém sai. Câmbio final!"
O Vampiro assiste a tudo de sua janela, no Alto da XV. É Atletiba, deve ser. Um sorriso lhe vem. Fecha a cortina, desliga o rádio e volta a um mini-conto genial de tão bestinha.
Folha de Londrina (29/03/2009)
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Leiam o que o Thadeu escreveu e saibam porque voto 13!
É MUITO FÁCIL FAZER AS CONTAS E DECIDIR PELO MELHOR. MAS É PRECISO CONHECER A VERDADE, PORQUE ELA NOS LIBERTARÁ.GOVERNO LULA - PT (7,8 ANOS)GOVERNO PSDB - PSDB/PFL (8 ANOS)...1) Número de policiais federais:Governo Lula: 13 milGoverno PSDB/PFL: 5 mil2) Operações da PF contra a corrupção, sonegação de impostos, crime organizado e lavagem de dinheiro.Governo Lula: 358Governo PSDB/PFL: 203) Prisões efetuadas pelos motivos acima:Governo Lula: 3.971Governo PSDB/PFL: 544) Criação de empregos :Governo Lula: 36 milhões (14,6 milhões com carteira assinada)Governo PSDB/PFL: 700 mil5) Média anual de empregos gerados :Governo Lula: 2,14 milhãoGoverno PSDB/PFL: 87,5 mil6) Taxa de desemprego nas regiões metropolitanas:Governo Lula: 6,3%Governo PSDB/PFL: 11,7%7) Desemprego em SP, maior cidade do país:Governo Lula: 12,9%Governo PSDB/PFL: 19,0%8) Exportações (em dólares):Governo Lula: 258,3 bilhõesGoverno PSDB/PFL: 60,4 bilhões9) Balança comercial (em dólares):Governo Lula: 265,3 bilhões (positivos)Governo PSDB/PFL: - 8,4 bilhões (negativos)10) Transações correntes (em dólares):Governo Lula: 110,1 bilhões (positivos)Governo PSDB/PFL: - 186,2 bilhões (negativos)11) Risco-país:Governo Lula: 204Governo PSDB/PFL: 2.400* No governo Lula, o país atingiu o patamar mais baixo da história.12) Inflação:Governo Lula: 3,8% (média)Governo PSDB/PFL: 12,53%13) Dívida com o FMI (em dólares):Governo Lula: dívida paga – Hoje o FMI nos deve 18 bilhõesGoverno PSDB/PFL: 14,7 bilhões (todo ano emprestávamos uma média de 10 bilhões que desapareciam inexplicavelmente)14) Dívida com o Clube de Paris (em dólares):Governo Lula: dívida pagaGoverno PSDB/PFL: 5 bilhões15) Dívida externa:Governo Lula: 2,41%Governo PSDB/PFL:12,45%16) Empréstimo para habitação (em reais):Governo Lula: 9,5 bilhõesGoverno PSDB/PFL: 1,7 bilhões17) Crescimento industrial:Governo Lula: 8,77%PSDB/PFL: 1,94%18) Produção de bens duráveis:Governo Lula: 14,8%Governo PSDB/PFL: 2,4%19) Aumento na produção de veículos:Governo Lula: 5,4%Governo PSDB/PFL: 1,8%20) Crédito para a agricultura familiar:Governo Lula: 11,3%Governo PSDB/PFL: 2,4%21) Valor do salário mínimo em dólares:Governo Lula: Quase 300 Governo PSDB/PFL: 5522) Poder de compra do salário mínimo em relação à cesta básica:Governo Lula: 3,7 cestas básicasGoverno PSDB/PFL: 1,3 cesta básica23) Aumento do custo da cesta básica:Governo Lula: 15,6%Governo PSDB/PFL: 81,6%24) Transferência de renda (em reais):Governo Lula: 12,1 bilhõesGoverno PSDB/PFL: 2,3 bilhões25) Média por família:Governo Lula: 87 reaisGoverno PSDB/PFL: 25 reais26) Atendidos pelo programa Brasil Sorridente (atendimento odontológico):Governo Lula: 35,7%Governo PSDB/PFL: 17,5%* 15 milhões de brasileiros foram pela primeira vez ao dentista.27) Mortalidade infantil indígena (por 1000 habitantes):Governo Lula: 18,6Governo PSDB/PFL: 55,728) Pró-jovem - estudo subsidiadoGoverno Lula: 183 mil (18 a 24 anos)Governo PSDB/PFL: não havia programa, nem registro.29) Bolsa FamíliaGoverno Lula: 24,1 milhões de famíliasGoverno PSDB/PFL: o programa era o Bolsa Escola com atendimento restrito a um pequeno número de pessoas.30) Incremento no acesso a água no semi-árido nordestinoGoverno Lula: 1.762 mil pessoas e 152 mil cisternasGoverno PSDB/PFL: zero, não havia programa.31) Distribuição de leite no semi-árido (sistema pequeno produtor)Governo Lula: 8,3 milhões de brasileirosGoverno PSDB/PFL: zero, não havia programa.32) Áreas ambientais preservadasGoverno Lula: incremento de 25,6 milhões de hectaresDo ano do Descobrimento do Brasil até 2002: 40 milhões de hectares33) Apoio à agricultura familiarGoverno Lula: mais de 40 bilhõesGoverno PSDB/PFL: Maior repasse 2,5 bilhões 34) Compra de terras para Reforma AgráriaGoverno Lula: 3,7 bilhões (2003 a 2005)Governo PSDB/PFL: 1,1 bilhão (1999 a 2002)35) Investimento do BNDES em micro e pequenas empresas:Governo Lula: 35,99 bilhõesGoverno PSDB/PFL: 8,3 bilhões36) Investimento anual em saúde básica:Governo Lula: 2,5 bilhõesGoverno PSDB/PFL: 155 milhões37) Equipes do Programa Saúde da Família:Governo Lula: 27.401Governo PSDB/PFL: 16.69838) Índice BOVESPAGoverno Lula: 35,2 mil pontosGoverno PSDB/PFL: 11,2 mil pontos39) Dívida externa:Governo Lula: (260 BILHÕES EM RESERVAS)Governo PSDB/PFL: 210 bilhões NEGATIVOS40) Desemprego no país:Governo Lula: 8,3%Governo PSDB/PFL: 12,2%41) Eletrificação RuralGoverno Lula: 8 milhões de pessoasGoverno PSDB/PFL: 2,7 mil pessoas42) Livros gratuitos para o Ensino MédioGoverno Lula: 17 milhõesGoverno PSDB/PFL: zero43) Geração de Energia ElétricaGoverno Lula: 1.567 empreendimentos em operação, gerando 95.744.495 kW de potência. Está previsto para os próximos anos uma adição de 26.967.987 kW na capacidade de geração do País, proveniente os 65 empreendimentos atualmente em construção e mais 516 outorgadas.?Governo PSDB/PFL em final de governo: apagão44) Construção de Universidades FederaisGoverno Lula: 27 universidades + 58 novos campiGoverno PSDB/PFL: 6 universidades federais em 8 anosE PARA TERMINAR NO Nº 45:45) Falcatruas e roubalheiras dentro das instituições do governo federal, estatais, e empresas do governo:Governo Lula: o povo conhece, a imprensa divulga, a polícia federal age e prende, a Controladoria Geral da União (CGU) investiga e denuncia livremente, o Congresso investiga e denuncia, CPIs são instaladas e corruptos são cassados; a justiça julga, o dinheiro roubado aparece e "companheiros" são expulsos, presos, demitidos, cassados ou punidos.Governo PSDB/PFL: o governo escondia, a imprensa fazia "vista grossa"; a polícia federal não conseguia agir; o Congresso Nacional "levava o dele", calava e não investigava; as CPIs eram sufocadas e arquivadas; o dinheiro roubado ia sorrateiramente para o bolso dos "pais da pátria" de sempre ou era desviado para salvar empresas falidas (de amigos); o dinheiro bom do Tesouro Nacional era enfiado em estatais já saqueadas e sucateadas e que, após saneadas com dinheiro do contribuinte eram "entregues" aos "companheiros" da iniciativa privada que "têm mais competência para administrar"; o obscuro processo de venda de estatais dilapidou R$ 150 bilhões do Patrimônio Nacional.Por essas e muitas outras, sou DILMA DE CORPO E ALMA.Antonio Thadeu WojciechowskiVer mais
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Segundo turno
A culpa é única e exclusiva do PT. No meio do caminho, eles deram moleza pras falcatruas em nome de fazer a máquina funcionar, se unindo com alguns velhos demônios da nossa política (coisa que o PSDB já tinha feito igual e pior), perderam uma jóia rara feito a Marina por pura vaidade política, tudo com apoio da militância.
Taí, Marina fez a diferença, e agora vai ser difícil barrar as forças de direita que estão loucas pra pegar o país e entregá-lo ao capital novamente. Isso sem falar da bazófia fascista que não gosta de ver pobre trabalhando e ganhando bem, e pegando o mesmo avião que eles. Eu avisei a galera. Agora aguentem.
...
Taí, Marina fez a diferença, e agora vai ser difícil barrar as forças de direita que estão loucas pra pegar o país e entregá-lo ao capital novamente. Isso sem falar da bazófia fascista que não gosta de ver pobre trabalhando e ganhando bem, e pegando o mesmo avião que eles. Eu avisei a galera. Agora aguentem.
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terça-feira, 28 de setembro de 2010
Nei Lisboa
Hoje vou no show de um dos meus artistas favoritos de todos os tempos e lugares. Como é bom quando uma coisa rara dessas acontece. Quem gosta de arte sabe o quanto isso é importante na vida da gente. Taí um cara que fez a minha cabeça e encheu meu coração de vigor, ao longo de 25 anos ou mais. Guairinha, 21 horas. Dá-lhe, Nei. Prazer enorme, guri.
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quinta-feira, 2 de setembro de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
sábado, 28 de agosto de 2010
Do blogue do Rubens
Marcelo Serafim (o Serafa) e Rubens K. Vestibular da Fap em mil novecentos e Derci Gonçalves. Essa foto me emocionou muito, mesmo. Amigos, porra. Amigos...
Fonte: Rubens K
...
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Distâncias
isso de todo dia
um poema
ainda vai
me levar ao romance
vale a palavra
quanto pesa a pena
o que vale são os dois
olhos no lance
um qualquer instante
um jeito de olhar
um peso bastante
difícil de carregar
isso de todo dia
uma prosa
ainda vai me levar
a reinventar a roda
toda fragrância é cor,
concomitante rosa
todo flagrante,
um grito parado no ar
de você e eu distantes
:
disto,
não sei falar
...
um poema
ainda vai
me levar ao romance
vale a palavra
quanto pesa a pena
o que vale são os dois
olhos no lance
um qualquer instante
um jeito de olhar
um peso bastante
difícil de carregar
isso de todo dia
uma prosa
ainda vai me levar
a reinventar a roda
toda fragrância é cor,
concomitante rosa
todo flagrante,
um grito parado no ar
de você e eu distantes
:
disto,
não sei falar
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quarta-feira, 25 de agosto de 2010
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Nome Próprio
Quando você tira a roupa
Algo se revela
Você tem uma tatuagem
De cicatriz
Quando você tira a roupa
Algo se revela
Você deixa a personagem
E vira atriz
(Porcas Borboletas)
..
Algo se revela
Você tem uma tatuagem
De cicatriz
Quando você tira a roupa
Algo se revela
Você deixa a personagem
E vira atriz
(Porcas Borboletas)
..
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Hoje no Wonka!
Estaremos lá de novo, em mais uma Terça Experimental. Desta feita, Verônica Rodrigues vai ler textos de amor de Bukowski e outros malditos. A Vida Santos infelizmente teve um falecimento na família e não vai poder estar com a gente. Toda força pra ela. Começa e acaba cedo. 21h. Tocamos lá pelas 23h e termina antes da meia-noite. Cincão. Apareçam!
...
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Da série "amigos que escrevem bem"
O ESCRITOR DISCRETO
Mário Bortolotto
Eu tava lá, no camarim. Na verdade, não tava no camarim, simplesmente porque não suporto camarim. Eu tava na sala contígua ao camarim, deitado num sofá enquanto esperava o momento que eu teria que entrar no camarim e trocar de roupa pra fazer a peça. Só entro no camarim pra isso e saio de lá o mais rápido possível. Antes queria dizer aqui o quanto admiro pessoas discretas. Quando era moleque, gostava de sentar na última carteira na sala de aula. Não gostava de conversar com ninguém e não gostava que me notassem. Ainda hoje sou assim. Fico um pouco envergonhado de mim mesmo nas noites em que completamente bêbado, costumo falar pelos cotovelos, me fazendo notar e esbanjando erudição pop (a única erudição que consigo esbanjar). Nessas noites fico impertinente, exagerado, um puta mala mesmo. E no dia seguinte fico com vergonha de mim. Gosto mesmo é de pessoas discretas que não se fazem notar e talvez por isso mesmo me chamam muito mais a atenção. E ele entrou lá. Eu tava deitado, no sofá. O escritor. Eu sabia quem ele era. Nós não fomos apresentados, felizmente, já que eu não me sentiria à vontade com isso. Então fui agraciado com a oportunidade de permanecer anônimo e me foi dado o direito de ficar apenas observando. Sossegado, cool, de um jeito admirável. Ele se sentou lá, e os malas apareceram, é claro. E pediram autógrafos, e pediram pra que ele tirasse fotos com eles. Malditos celulares. Hoje em dia, todo mala tem um celular com uma câmera e ele sempre quer tirar uma foto com você. E ele nem faz a menor idéia de quem você é exatamente. Mas ele acha que você deve ser importante e aí fudeu. E ele pacientemente autografou os livros e tirou fotos e balançou a cabeça e sorriu pacientemente como um monge. E a sua esposa támbém foi extremamente gentil com todos. E eu fiquei lá, deitado, só observando e de alguma maneira, tentando permanecer solidário. Aí o segundo sinal tocou e eu tive que ir lá fazer a peça. E durante o tempo em que fiquei ouvindo Blues no meu MP3 antes de entrar em cena, fiquei pensando no escritor discreto, no sujeito paciente que não parece ser afeito a nenhum tipo de badalação, mas ao mesmo tempo é gentil e procura ser agradável com as pessoas que requerem sua atenção. Percebi naquele momento que ainda há pessoas como ele por aí. Caras que apenas querem fazer o seu trabalho e sabem que à reboque vem uma porrada de chatice que ele terá que aguentar. Eu me senti um pouco mais forte, de alguma maneira, amigo de um sujeito que jamais será verdadeiramente meu amigo. Mas entrei lá pra fazer a peça, me sentindo menos sozinho. E consegui compreender uma porrada de coisas só de olhar pro escritor. Lá, sentado no sofá, acompanhado de sua esposa, tão compreensiva quanto ele, mas um pouco mais à vontade (pelo menos me pareceu) com o assédio e com toda a incoveniência. Passei o resto da noite pensando no escritor, no seu comportamento, no seu jeito cool, que há muito eu já admirava e que agora só reafirmou a impressão. Voltei pro hotel, com um pouco mais de paz, graças à ele. Gostei de ficar deitado no sofá, olhando, admirando e aprendendo com Luís Fernando Verissímo. Discreto como ele é, não deve nem ter a noção do quanto às vezes ele é importante para algumas almas desesperadas como a minha.
Mário Bortolotto é escritor, ator e diretor de teatro. Toca numa banda de blues e rock. É meu brother da "galera de Londrina". Mora em São Paulo e escreve neste blog: http://atirenodramaturgo.zip.net/
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Mário Bortolotto
Eu tava lá, no camarim. Na verdade, não tava no camarim, simplesmente porque não suporto camarim. Eu tava na sala contígua ao camarim, deitado num sofá enquanto esperava o momento que eu teria que entrar no camarim e trocar de roupa pra fazer a peça. Só entro no camarim pra isso e saio de lá o mais rápido possível. Antes queria dizer aqui o quanto admiro pessoas discretas. Quando era moleque, gostava de sentar na última carteira na sala de aula. Não gostava de conversar com ninguém e não gostava que me notassem. Ainda hoje sou assim. Fico um pouco envergonhado de mim mesmo nas noites em que completamente bêbado, costumo falar pelos cotovelos, me fazendo notar e esbanjando erudição pop (a única erudição que consigo esbanjar). Nessas noites fico impertinente, exagerado, um puta mala mesmo. E no dia seguinte fico com vergonha de mim. Gosto mesmo é de pessoas discretas que não se fazem notar e talvez por isso mesmo me chamam muito mais a atenção. E ele entrou lá. Eu tava deitado, no sofá. O escritor. Eu sabia quem ele era. Nós não fomos apresentados, felizmente, já que eu não me sentiria à vontade com isso. Então fui agraciado com a oportunidade de permanecer anônimo e me foi dado o direito de ficar apenas observando. Sossegado, cool, de um jeito admirável. Ele se sentou lá, e os malas apareceram, é claro. E pediram autógrafos, e pediram pra que ele tirasse fotos com eles. Malditos celulares. Hoje em dia, todo mala tem um celular com uma câmera e ele sempre quer tirar uma foto com você. E ele nem faz a menor idéia de quem você é exatamente. Mas ele acha que você deve ser importante e aí fudeu. E ele pacientemente autografou os livros e tirou fotos e balançou a cabeça e sorriu pacientemente como um monge. E a sua esposa támbém foi extremamente gentil com todos. E eu fiquei lá, deitado, só observando e de alguma maneira, tentando permanecer solidário. Aí o segundo sinal tocou e eu tive que ir lá fazer a peça. E durante o tempo em que fiquei ouvindo Blues no meu MP3 antes de entrar em cena, fiquei pensando no escritor discreto, no sujeito paciente que não parece ser afeito a nenhum tipo de badalação, mas ao mesmo tempo é gentil e procura ser agradável com as pessoas que requerem sua atenção. Percebi naquele momento que ainda há pessoas como ele por aí. Caras que apenas querem fazer o seu trabalho e sabem que à reboque vem uma porrada de chatice que ele terá que aguentar. Eu me senti um pouco mais forte, de alguma maneira, amigo de um sujeito que jamais será verdadeiramente meu amigo. Mas entrei lá pra fazer a peça, me sentindo menos sozinho. E consegui compreender uma porrada de coisas só de olhar pro escritor. Lá, sentado no sofá, acompanhado de sua esposa, tão compreensiva quanto ele, mas um pouco mais à vontade (pelo menos me pareceu) com o assédio e com toda a incoveniência. Passei o resto da noite pensando no escritor, no seu comportamento, no seu jeito cool, que há muito eu já admirava e que agora só reafirmou a impressão. Voltei pro hotel, com um pouco mais de paz, graças à ele. Gostei de ficar deitado no sofá, olhando, admirando e aprendendo com Luís Fernando Verissímo. Discreto como ele é, não deve nem ter a noção do quanto às vezes ele é importante para algumas almas desesperadas como a minha.
Mário Bortolotto é escritor, ator e diretor de teatro. Toca numa banda de blues e rock. É meu brother da "galera de Londrina". Mora em São Paulo e escreve neste blog: http://atirenodramaturgo.zip.net/
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segunda-feira, 9 de agosto de 2010
terça-feira, 3 de agosto de 2010
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Marceleza entrevista o Tremendão
Meu grande brother e excelente escritor Marcelo Montenegro fez uma entrevista maravilhosa com Erasmo Carlos, para a revista Vida Simples. Na entrevista, Erasmo se revela um grande brother também. Maravilha. Clique aqui e leia. É demais. Parabéns, Marceleza!
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quinta-feira, 15 de julho de 2010
Gruvox no Hangar (08/07/10)
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Futebol arte, pódio de chegada e beijo de namorada
Semana muito louca essa que passou. Me dei conta que faz vinte anos que Cazuza morreu. Daí, super coincidência, Ezequiel Neves, um dos seus grandes parceiros também resolveu nos deixar na mesma data. Ironias. Não teve como eu deixar de dedicar nosso show de quinta pra eles. Coisa louca lá no Hangar. Equipamento de primeira. O show foi muito bom, dos melhores dos últimos tempos.
E finalizando a maior festa do futebol, deu Espanha. Achei bacana apesar de torcer para a Holanda, sempre. Foi tudo muito legal, desde a semifinal quando Puyol teve que sair de toalha no vestiário pra cumprimentar a rainha Sofia, até o belo futebol apresentado pela Fúria, e ainda o beijo de Casillas na namorada repórter. São coisas como essa que fazem a gente gostar disso tudo ainda. Curti também a Alemanha e achei legal o Furlan ser eleito o melhor da copa. Ele levou o time nas costas, mesmo. Maravilha.
O Brasil... bem. Simples: o Brasil perdeu. Jesus não ganha jogo não, meu chapa. Pelo contrário, acho que é preciso um certo demônio no corpo pra fazer valer a coisa. E concentração é bom, mas se ganhasse jogo o time da penitenciária (onde tem um certo goleiro jogando agora) era campeão do mundo.
Voltou a correria. Das coisas que fiquei de fazer, 90% foram feitas. Agora inicia nova fase, mais uma vez. Ainda estão rolando os dados. Lá vamos nós.
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E finalizando a maior festa do futebol, deu Espanha. Achei bacana apesar de torcer para a Holanda, sempre. Foi tudo muito legal, desde a semifinal quando Puyol teve que sair de toalha no vestiário pra cumprimentar a rainha Sofia, até o belo futebol apresentado pela Fúria, e ainda o beijo de Casillas na namorada repórter. São coisas como essa que fazem a gente gostar disso tudo ainda. Curti também a Alemanha e achei legal o Furlan ser eleito o melhor da copa. Ele levou o time nas costas, mesmo. Maravilha.
O Brasil... bem. Simples: o Brasil perdeu. Jesus não ganha jogo não, meu chapa. Pelo contrário, acho que é preciso um certo demônio no corpo pra fazer valer a coisa. E concentração é bom, mas se ganhasse jogo o time da penitenciária (onde tem um certo goleiro jogando agora) era campeão do mundo.
Voltou a correria. Das coisas que fiquei de fazer, 90% foram feitas. Agora inicia nova fase, mais uma vez. Ainda estão rolando os dados. Lá vamos nós.
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segunda-feira, 5 de julho de 2010
quinta-feira, 24 de junho de 2010
O retrato de Dorian e os steampunks do Jardim Social. Isso é incrível
Vezes que sou Dorian Gray, vezes seu retrato. Fato que o tempo passa. Um sorriso me sai quando sou o retrato, que envelhece enquanto o homem permanece intocável.
Sábado fui assistir à Cia. Do Abração, lá no Jardim Social, em um barracão que dá vontade de tirar férias e ficar lá dentro, semanas inteiras, lendo e pesquisando.
Grupo de processo, essas coisas. Ai que medo. Texto coletivo, ai meu deus. Coisas que temo. Infantil, ai meu deus de novo. Coisa séria. Fiquei pensando que: será que eles fazem aqueles exercícios do tipo “agora sou uma árvore”? Já participei de tudo isso nos tempos de Lua Nova, do mestre Laerte Ortega. O teatro para a vida, alguns. A vida para o teatro, outros. Fato que ninguém sai o mesmo depois de um processo.
Comigo tudo se deu em um momento difícil da vida, como se ter 18 anos já não fosse por si só uma coisa de dar medo. As cobranças, atitude, postura política, descobertas estéticas, morais, sexuais. No processo que passei, tendo como pano de fundo um espetáculo simplesmente genial em que uma noite de circo fazia vir abaixo toda uma lona, em metáfora que faz referência às estruturas que temos todos, por nos sustentar. Todo circo é sustentado por apenas uma pilastra. Ela vindo abaixo, tudo cai. “O mundo é um ovo. Quem quiser nascer, tem que destruir um mundo” (Hermann Hesse). Naquele espetáculo, Padu, carrasco e dono do circo, vê-se ante um motim, em que todos os artistas em que pisava e humilhava se revoltam, numa noite de espetáculo, destruindo tudo. A lição que fica é que cada um sai dali montando seu próprio circo, adiante. Outra coisa curiosa é que tudo isso aconteceu também dentro do grupo, imitando a história que encenávamos. Arte que imita a vida, e vice versa. Segui meu caminho e estou aqui olhando para meu próprio retrato que envelhece, feito um Dorian Gray.
Enfim, já fiz processo, sei como é. O único problema que tenho com este tipo de grupo é que via de regra o “produto” final, o resultado do processo, ou seja, o espetáculo, é uma grande merda.
Não para minha surpresa, dado que sou muito chegado de algumas pessoas ligadas ao Abração, o espetáculo de sábado foi maravilhoso.
Sobrevoar, a peça, texto de criação coletiva (ai meu deus), trata da vida de Alberto Santos Dumont, personagem pelo qual sempre tive grande fascínio. O ponto de vista é o sonho. O alvo, a criança. Inventor, o jovem Alberto “do mundo” sonhava desde novo realizar o velho sonho (quantas vezes terei de escrever esta palavra?) do homem voar. O espetáculo, para quem não conhece a vida do pai da aviação, serve de fato apenas às crianças. O que não restringe, ao contrário, diverte. A montagem é fascinante, com música primorosa, cenário inteligente e atuações de arrepiar.
Já para quem como eu conhece a vida e a história de Santos Dumont, o fascínio se duplica, algo que me levou às lágrimas. A bela passagem em que escreve a carta para a mãe. As decepções com os seguidos fracassos de suas tentativas. O chapeu como elemento de troca muito dinâmico (o chapeu foi também um acidente, lembrando), entre outros “truques” de montagem que são muito bacanas. Me tocou muito especialmente a magnífica metáfora com o personagem da lagarta. Algo como o gato de Alice.
Pra mim, a lagarta soa como o próprio Brasil. Gigante, imaturo, mas que tem por destino o inevitável, tornar-se borboleta e alçar voo. Ninguém segura este país. Nada pode parar o inevitável. Além, ainda vejo na lagarta a figura da princesa Isabel, exilada em França, num belo palácio, em cujos jardins Dumont caiu com um de seus inventos. Lá foi prontamente atendido, trocou sua gravata vermelha pra não ofender à princesa com sua preferência republicana (os homens daquela época tratavam as mulheres bem, isso é incrível). Assim fez nascer grande amizade e recebeu uma medalhinha de são Bento como presente e amuleto de proteção.
A peça tem uma estética steampunk em seu vestuário, o que torna tudo muito mais divertido e afeito ao período retratado. Aqueles homens incríveis e suas máquinas maravilhosas. Tente imaginar o período. A belle epoque, a era vitoriana, o fin de siécle, chamem como quiser. Aquele bando de loucos, homens que inventaram o mundo em que vivemos hoje. Trens, lâmpadas, carros, navios a vapor, relógios de pulso e, por que não, uma máquina de voar. Nada será como antes. Incrível.
O enredo dá como destino final o espaço sideral (salvo engano, Dumont morreu no mesmo dia em que décadas depois o homem pisaria a lua), deixando no ar (no ar!) a ideia de que nada é impossível. Tudo que hoje é real um dia já foi sonho. Deixa pra lá. A esta altura meu retrato de Dorian já escorria em lágrimas.
Saímos um pouco depois, com a moça do elenco a quem tenho apreço imensurável, e o amigo/irmão que me acompanhava, e ainda uns amigos dela. Agradável é pouco para descrever o momento e as conversas divertidas. Em tempo: a moça está pronta. Ela sabe.
Na mesma noite, ainda, fui a uma festa me despedir de uma amiga querida que pegaria um, vejam só, veículo mais pesado que o ar, rumo ao outro lado do Atlântico, dias depois. Isso é mesmo incrível.
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Sábado fui assistir à Cia. Do Abração, lá no Jardim Social, em um barracão que dá vontade de tirar férias e ficar lá dentro, semanas inteiras, lendo e pesquisando.
Grupo de processo, essas coisas. Ai que medo. Texto coletivo, ai meu deus. Coisas que temo. Infantil, ai meu deus de novo. Coisa séria. Fiquei pensando que: será que eles fazem aqueles exercícios do tipo “agora sou uma árvore”? Já participei de tudo isso nos tempos de Lua Nova, do mestre Laerte Ortega. O teatro para a vida, alguns. A vida para o teatro, outros. Fato que ninguém sai o mesmo depois de um processo.
Comigo tudo se deu em um momento difícil da vida, como se ter 18 anos já não fosse por si só uma coisa de dar medo. As cobranças, atitude, postura política, descobertas estéticas, morais, sexuais. No processo que passei, tendo como pano de fundo um espetáculo simplesmente genial em que uma noite de circo fazia vir abaixo toda uma lona, em metáfora que faz referência às estruturas que temos todos, por nos sustentar. Todo circo é sustentado por apenas uma pilastra. Ela vindo abaixo, tudo cai. “O mundo é um ovo. Quem quiser nascer, tem que destruir um mundo” (Hermann Hesse). Naquele espetáculo, Padu, carrasco e dono do circo, vê-se ante um motim, em que todos os artistas em que pisava e humilhava se revoltam, numa noite de espetáculo, destruindo tudo. A lição que fica é que cada um sai dali montando seu próprio circo, adiante. Outra coisa curiosa é que tudo isso aconteceu também dentro do grupo, imitando a história que encenávamos. Arte que imita a vida, e vice versa. Segui meu caminho e estou aqui olhando para meu próprio retrato que envelhece, feito um Dorian Gray.
Enfim, já fiz processo, sei como é. O único problema que tenho com este tipo de grupo é que via de regra o “produto” final, o resultado do processo, ou seja, o espetáculo, é uma grande merda.
Não para minha surpresa, dado que sou muito chegado de algumas pessoas ligadas ao Abração, o espetáculo de sábado foi maravilhoso.
Sobrevoar, a peça, texto de criação coletiva (ai meu deus), trata da vida de Alberto Santos Dumont, personagem pelo qual sempre tive grande fascínio. O ponto de vista é o sonho. O alvo, a criança. Inventor, o jovem Alberto “do mundo” sonhava desde novo realizar o velho sonho (quantas vezes terei de escrever esta palavra?) do homem voar. O espetáculo, para quem não conhece a vida do pai da aviação, serve de fato apenas às crianças. O que não restringe, ao contrário, diverte. A montagem é fascinante, com música primorosa, cenário inteligente e atuações de arrepiar.
Já para quem como eu conhece a vida e a história de Santos Dumont, o fascínio se duplica, algo que me levou às lágrimas. A bela passagem em que escreve a carta para a mãe. As decepções com os seguidos fracassos de suas tentativas. O chapeu como elemento de troca muito dinâmico (o chapeu foi também um acidente, lembrando), entre outros “truques” de montagem que são muito bacanas. Me tocou muito especialmente a magnífica metáfora com o personagem da lagarta. Algo como o gato de Alice.
Pra mim, a lagarta soa como o próprio Brasil. Gigante, imaturo, mas que tem por destino o inevitável, tornar-se borboleta e alçar voo. Ninguém segura este país. Nada pode parar o inevitável. Além, ainda vejo na lagarta a figura da princesa Isabel, exilada em França, num belo palácio, em cujos jardins Dumont caiu com um de seus inventos. Lá foi prontamente atendido, trocou sua gravata vermelha pra não ofender à princesa com sua preferência republicana (os homens daquela época tratavam as mulheres bem, isso é incrível). Assim fez nascer grande amizade e recebeu uma medalhinha de são Bento como presente e amuleto de proteção.
A peça tem uma estética steampunk em seu vestuário, o que torna tudo muito mais divertido e afeito ao período retratado. Aqueles homens incríveis e suas máquinas maravilhosas. Tente imaginar o período. A belle epoque, a era vitoriana, o fin de siécle, chamem como quiser. Aquele bando de loucos, homens que inventaram o mundo em que vivemos hoje. Trens, lâmpadas, carros, navios a vapor, relógios de pulso e, por que não, uma máquina de voar. Nada será como antes. Incrível.
O enredo dá como destino final o espaço sideral (salvo engano, Dumont morreu no mesmo dia em que décadas depois o homem pisaria a lua), deixando no ar (no ar!) a ideia de que nada é impossível. Tudo que hoje é real um dia já foi sonho. Deixa pra lá. A esta altura meu retrato de Dorian já escorria em lágrimas.
Saímos um pouco depois, com a moça do elenco a quem tenho apreço imensurável, e o amigo/irmão que me acompanhava, e ainda uns amigos dela. Agradável é pouco para descrever o momento e as conversas divertidas. Em tempo: a moça está pronta. Ela sabe.
Na mesma noite, ainda, fui a uma festa me despedir de uma amiga querida que pegaria um, vejam só, veículo mais pesado que o ar, rumo ao outro lado do Atlântico, dias depois. Isso é mesmo incrível.
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terça-feira, 15 de junho de 2010
Uma merda
Vocês que esperam grandes textos deste blogue a cada jogo, esqueçam. Primeiro que não vai ter.
Segundo que: eu já sabia. Foi uma merda. Ou seja: seremos campeões. (agora riam)
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Segundo que: eu já sabia. Foi uma merda. Ou seja: seremos campeões. (agora riam)
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segunda-feira, 7 de junho de 2010
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Good bye, Mr. Hopper
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Alô, amigos do Rio de Janeiro!
A Moira Albuquerque avisa, e eu super recomendo, a Cia. do Abração, no Teatro da Caixa - Rio:
"O Trenzinho do Caipira"
Projeto Villa Lobos para crianças de todas as idades.
Teatro Nelson Rodrigues
Av. Republica do Chile, 230
22,23 e 29 de maio as 15h
30 de maio as 11h e 15h
Contato: Caixa Cultural (21) 2262-8152 / 2544-4080.
Quebra tudo lá, preta querida.
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"O Trenzinho do Caipira"
Projeto Villa Lobos para crianças de todas as idades.
Teatro Nelson Rodrigues
Av. Republica do Chile, 230
22,23 e 29 de maio as 15h
30 de maio as 11h e 15h
Contato: Caixa Cultural (21) 2262-8152 / 2544-4080.
Quebra tudo lá, preta querida.
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quarta-feira, 19 de maio de 2010
João Acuio avisa
Tá rolando umas traduções direto do latin de uns aforismos acerca de astrologia, por Ptolomeu. A tradução é do amigo poeta e professor Mário Domingues. Curtam lá no Saturnália, em abordagem super original como sempre:
http://saturnalia.com.br/produtos/centiloquium-de-ptolomeu/
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http://saturnalia.com.br/produtos/centiloquium-de-ptolomeu/
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Videoclipe Gruvox já está no Youtube
Demasiadamente Humano - Gruvox
Video gravado no inverno de 2008 - Londres (Deptford - New Cross) Fordham Park, Deptford High St, Douglas way, Deptford Strand.
Direção e edição Renato Larini
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terça-feira, 11 de maio de 2010
Sem poesia, vamos lá
Que faltou poesia, é fato. Mas não podemos dizer que faltou coerência ao homem que ocupa o cargo de mais importância do país, depois do presidente.
A ausência de Paulo Henrique Ganso é crime de lesa-futebol, como disse o Juca Kfouri. Mas eu diria que foi o tempo que selou sua ausência. Não deu tempo. Eu mesmo, andei olhando a lista de maiores discos da música de todos o tempos. Há quase tantos álbuns dos Byrds quanto dos Beatles. Nunca ouvi um disco inteiro dos Byrds. Ignorância? Sim, mas não burrice. Acho que não tive tempo. Dunga não teve tempo de convocar Paulo Henrique. O balé do Ganso surgiu a nossos olhos em uma fase nula para a seleção, longe das convocações para torneios a serem disputados. E Dunga, dentro da sua coerência, afirma: se não jogou com ele, não vai, e pronto.
Quando me refiro à ausência de poesia, quero dizer: não há craques entre os 23 convocados. Nenhum. Há grandes jogadores, mas nenhum deles está naquela fase de fazer brilhar nossos olhos, através do brilho dos seus próprios. Robinho e Nilmar, vá lá. Kaká não é craque. É apenas um grande jogador.
Isso não quer dizer que vamos perder por isso. Poderíamos perder ou ganhar com todos os craques que queríamos ver jogando. Não quer dizer a rigor, nada. Quer dizer apenas que não vamos ter o imprevisível, a magia. Neste mundaréu de cabeças-de-área o que nos resta é o previsível.
Eu já gostei muito mais da seleção. Sou do tempo em que quando o Brasil perdia a gente ficava triste. Hoje, graças ao mar de previsibilidades já costumeiras, a gente toda fica com raiva e procurando culpados.
De qualquer maneira, continuo achando que a seleção brasileira ainda é o melhor jeito de se fazer 200 milhões de pessoas absolutamente felizes e enlouquecidas. Mais alguns bilhões de seres pelo mundo encantados. Cores e originalidade, carnaval e muita música. Festa. Daqui a um mês, este país mais bacana do mundo vai estar neste clima novamente. Pobres e ricos, nosso maior problema, serão todos um só, por um mês. Um mês sem pensar em porcaria nenhuma. Essas coisas da vida, da existência, do trabalho, do dinheiro. Que nada. Todos os problemas da humanidade estarão dentro das quatro linhas e nos mais diversos copos dessa nossa cerveja vagabunda, entre goles, abraços e beijos. Delícia.
Agora vamos torcer para que a ausência do Ganso não decrete nosso canto do cisne, e que uma eventual entrada do Grafite, que veio na ponta do lápis, renda grandes bolas nas canetas dos adversários. Vai ser difícil. Mas para os outros será muito mais.
Sem poesia, eu disse. Pode ser exagero da minha parte. Sem dúvida com menos, bem menos poesia que gostaríamos. Este cronista é mesmo muito chato. Simples assim. Vamos torcer. Divirtam-se.
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A ausência de Paulo Henrique Ganso é crime de lesa-futebol, como disse o Juca Kfouri. Mas eu diria que foi o tempo que selou sua ausência. Não deu tempo. Eu mesmo, andei olhando a lista de maiores discos da música de todos o tempos. Há quase tantos álbuns dos Byrds quanto dos Beatles. Nunca ouvi um disco inteiro dos Byrds. Ignorância? Sim, mas não burrice. Acho que não tive tempo. Dunga não teve tempo de convocar Paulo Henrique. O balé do Ganso surgiu a nossos olhos em uma fase nula para a seleção, longe das convocações para torneios a serem disputados. E Dunga, dentro da sua coerência, afirma: se não jogou com ele, não vai, e pronto.
Quando me refiro à ausência de poesia, quero dizer: não há craques entre os 23 convocados. Nenhum. Há grandes jogadores, mas nenhum deles está naquela fase de fazer brilhar nossos olhos, através do brilho dos seus próprios. Robinho e Nilmar, vá lá. Kaká não é craque. É apenas um grande jogador.
Isso não quer dizer que vamos perder por isso. Poderíamos perder ou ganhar com todos os craques que queríamos ver jogando. Não quer dizer a rigor, nada. Quer dizer apenas que não vamos ter o imprevisível, a magia. Neste mundaréu de cabeças-de-área o que nos resta é o previsível.
Eu já gostei muito mais da seleção. Sou do tempo em que quando o Brasil perdia a gente ficava triste. Hoje, graças ao mar de previsibilidades já costumeiras, a gente toda fica com raiva e procurando culpados.
De qualquer maneira, continuo achando que a seleção brasileira ainda é o melhor jeito de se fazer 200 milhões de pessoas absolutamente felizes e enlouquecidas. Mais alguns bilhões de seres pelo mundo encantados. Cores e originalidade, carnaval e muita música. Festa. Daqui a um mês, este país mais bacana do mundo vai estar neste clima novamente. Pobres e ricos, nosso maior problema, serão todos um só, por um mês. Um mês sem pensar em porcaria nenhuma. Essas coisas da vida, da existência, do trabalho, do dinheiro. Que nada. Todos os problemas da humanidade estarão dentro das quatro linhas e nos mais diversos copos dessa nossa cerveja vagabunda, entre goles, abraços e beijos. Delícia.
Agora vamos torcer para que a ausência do Ganso não decrete nosso canto do cisne, e que uma eventual entrada do Grafite, que veio na ponta do lápis, renda grandes bolas nas canetas dos adversários. Vai ser difícil. Mas para os outros será muito mais.
Sem poesia, eu disse. Pode ser exagero da minha parte. Sem dúvida com menos, bem menos poesia que gostaríamos. Este cronista é mesmo muito chato. Simples assim. Vamos torcer. Divirtam-se.
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quinta-feira, 6 de maio de 2010
sábado, 1 de maio de 2010
Rubens K escreveu sobre o clipe
Gruvox – Tudo que se pode a zero grau
sábado, 1 maio, 2010
Assisti ao clipe dos caras (Gruvox), feito pelo Renatão (Renato Larini). É, acordei “cedo”, depois de um show du caralho ontem, com uma puta ressaca, meio puto, mas acordei pra assistir – porra, é o mínimo que posso fazer. O que me chamou a atenção é como uma ideia simples pode ser bacana, quando bem aproveitada e desenvolvida. Flávio fica dando um rolê, num carrinho de supermercado, com o Renato filmando e empurrando a parada, tendo como fundo a cidade. Isso, o clipe, foi em Londres (ela mesma, a maldição dos pinheirais), embaixo duma chuvinha amiga e bem conhecida de Gotham. Eu, que vi o programa desde o começo, gostei. Vi ali, no programa, um monte de carinhas e boquinhas da moda, com uns cabelinhos e “atitudes” e letras de dar dó. Cara, como é ruim esse mundo novo. Assustador. Gostei também da Cherry (ela mesma, do Okoto), sempre sincera ao som que ela sempre fez e faz muito bem. Não lembro do nome da banda dela, mas mas deve ser alguma coisa japa. De resto tudo que vi foi de dar pena - uns regueiros malas pra caralho, uns mano pagando de americano, umas minas muito enganadas no som que fazem, umas bandas pop medonhas de ruins, e tudo isso com um timbre desgraçado de horrível – porra Tomás (Tomás Magno, produtor, com link aqui do lado), tu vai fazer um estrago quando os manés se tocarem o que é timbre bom, véio. Uma quase sessão tortura, e logo cedo… Enfim, um show de horrores, se não fossem os “velhinhos” do Gruvox e Cherry salvarem a manhã. Parabéns ao Flávio, Albertão, ao “guitar hero” Walmor Goes e ao Rodrigo Genaro (é o Roogs na batera, né não?). Parabéns ao Coelio & Tupan, com seu estúdio “Discos Voadores”. Parabéns ao Renato Larini e seu bom gosto e bom senso. Me diverti pra caralho vendo a parada. Pra quem quiser conferir, a MTV avisa:
O clipe da banda Gruvox estreia dia dia 01/05 (sábado), no Lab BR.
Confira durante esta semana no site: http://mtv.uol.com.br/estreias
MTV Lab Br
Sábado às 11h00, Domingo às 10h30 e 02h30
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sábado, 1 maio, 2010
Assisti ao clipe dos caras (Gruvox), feito pelo Renatão (Renato Larini). É, acordei “cedo”, depois de um show du caralho ontem, com uma puta ressaca, meio puto, mas acordei pra assistir – porra, é o mínimo que posso fazer. O que me chamou a atenção é como uma ideia simples pode ser bacana, quando bem aproveitada e desenvolvida. Flávio fica dando um rolê, num carrinho de supermercado, com o Renato filmando e empurrando a parada, tendo como fundo a cidade. Isso, o clipe, foi em Londres (ela mesma, a maldição dos pinheirais), embaixo duma chuvinha amiga e bem conhecida de Gotham. Eu, que vi o programa desde o começo, gostei. Vi ali, no programa, um monte de carinhas e boquinhas da moda, com uns cabelinhos e “atitudes” e letras de dar dó. Cara, como é ruim esse mundo novo. Assustador. Gostei também da Cherry (ela mesma, do Okoto), sempre sincera ao som que ela sempre fez e faz muito bem. Não lembro do nome da banda dela, mas mas deve ser alguma coisa japa. De resto tudo que vi foi de dar pena - uns regueiros malas pra caralho, uns mano pagando de americano, umas minas muito enganadas no som que fazem, umas bandas pop medonhas de ruins, e tudo isso com um timbre desgraçado de horrível – porra Tomás (Tomás Magno, produtor, com link aqui do lado), tu vai fazer um estrago quando os manés se tocarem o que é timbre bom, véio. Uma quase sessão tortura, e logo cedo… Enfim, um show de horrores, se não fossem os “velhinhos” do Gruvox e Cherry salvarem a manhã. Parabéns ao Flávio, Albertão, ao “guitar hero” Walmor Goes e ao Rodrigo Genaro (é o Roogs na batera, né não?). Parabéns ao Coelio & Tupan, com seu estúdio “Discos Voadores”. Parabéns ao Renato Larini e seu bom gosto e bom senso. Me diverti pra caralho vendo a parada. Pra quem quiser conferir, a MTV avisa:
O clipe da banda Gruvox estreia dia dia 01/05 (sábado), no Lab BR.
Confira durante esta semana no site: http://mtv.uol.com.br/estreias
MTV Lab Br
Sábado às 11h00, Domingo às 10h30 e 02h30
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quinta-feira, 29 de abril de 2010
Sábado na MTV. Deu na Gazeta
Gruvox estreia na MTV com clipe gravado em Londres
Mais um grupo paranaense estreia videoclipe neste sábado dia 1º de maio, na MTV. A banda Gruvox, formada pelos veteranos da cena curitibana Walmor Goes (guitarra), Flávio Jacobsen (vocal e guitarra), Carlos Alberto Lins (baixo) e Rodrigo Genaro (bateria), apresenta o vídeo da canção “Demasiadamente Humano”, dirigido pelo também paranaense Renato Larini.
A produção foi realizada durante a passagem de Flávio Jacobsen pelo Reino Unido, no final de 2008, e é parte dos trabalhos que o grupo vem realizando sobre seu mais recente álbum, “Tudo que se Pode a Zero Grau” (Discos Voadores Studios, 2009), o terceiro de sua trajetória, iniciada em 2003.
O diretor paranaense Renato Larini finalizou o vídeo recentemente em São Paulo, e prepara mais um trabalho sobre outra canção da banda, igualmente gravado em Londres, a ser finalizado em breve. Larini vem se destacando como um dos grandes talentos da animação e do audiovisual brasileiro atual. Confira parte do seu trabalho em http://www.antifonia.com.br/.
O clipe vai ao ar neste sábado, no programa MTV Lab BR, que começa às 11h, com reprise domingo às 10h30 e 2h30.
Mais informações pelo site http://mtv.uol.com.br/estreias.
O som do Gruvox você confere no www.tramavirtual.com.br/gruvox.
Mais um grupo paranaense estreia videoclipe neste sábado dia 1º de maio, na MTV. A banda Gruvox, formada pelos veteranos da cena curitibana Walmor Goes (guitarra), Flávio Jacobsen (vocal e guitarra), Carlos Alberto Lins (baixo) e Rodrigo Genaro (bateria), apresenta o vídeo da canção “Demasiadamente Humano”, dirigido pelo também paranaense Renato Larini.
A produção foi realizada durante a passagem de Flávio Jacobsen pelo Reino Unido, no final de 2008, e é parte dos trabalhos que o grupo vem realizando sobre seu mais recente álbum, “Tudo que se Pode a Zero Grau” (Discos Voadores Studios, 2009), o terceiro de sua trajetória, iniciada em 2003.
O diretor paranaense Renato Larini finalizou o vídeo recentemente em São Paulo, e prepara mais um trabalho sobre outra canção da banda, igualmente gravado em Londres, a ser finalizado em breve. Larini vem se destacando como um dos grandes talentos da animação e do audiovisual brasileiro atual. Confira parte do seu trabalho em http://www.antifonia.com.br/.
O clipe vai ao ar neste sábado, no programa MTV Lab BR, que começa às 11h, com reprise domingo às 10h30 e 2h30.
Mais informações pelo site http://mtv.uol.com.br/estreias.
O som do Gruvox você confere no www.tramavirtual.com.br/gruvox.
Gazeta do Povo (Sobretudo) - 28/04/2010.
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